
E chega às bancas (em capa cartonada) e livrarias (capa dura) o novo volume da coleção Graphic MSP.
Para quem não sabe, este projeto é capitaneado pelo editor Sidney Gusman, que convenceu seu chefe Mauricio de Sousa a liberar suas crias para que outros brincassem com elas.
Por este projeto já passaram Astronauta (pelas mãos de Danilo Beiruth), a Turma da Mônica (pelos irmãos Lu e Victor Caffagi), Chico Bento (por Gustavo Duarte), Piteco (por Shiko) e Bidu (por Damasceno e Garrocho) e todos eles dão uma nova vida aos nossos velhos conhecidos de infância.
Todos os trabalhos são no mínimo brilhantes. Você percebe claramente o entusiasmo e ao mesmo tempo a reverência dos autores em relação ao mestre e suas obras. Os personagens são, ao mesmo tempo, novos e antigos, saudosistas e modernos, do Maurício e dos autores dos álbuns.
Hoje falo do Vida, estrelado pelo Penadinho e com o casal Paulo Crumbim e Cristina Eiko na produção da obra. Ambos desenham e escrevem, ambos colorem, ambos dividem a obra e a vida. Sim, eles são um casal casado que ficou conhecido graças ao Quadrinhos A2, histórias vendidas no formato independente, onde eles contam (com uma boa dose de imaginação) seu cotidiano.
Em Vida, porém, eles tinham um desafio e tanto. Ou melhor, dois: primeiramente fazer um trabalho a altura de seus antecessores. E depois, trazer a turma do cemitério para uma aventura.
E a aventura começa justamente com o oposto do cemitério, ou seja, a vida, ou a reencarnação. A Dona Cegonha chega para levar um dos membros da turminha, e uma declaração de amor deve ser feita o mais rapidamente possível, afinal, a vida estava chegando perto.
A arte do álbum é linda. A colorização, beira a perfeição. Basta olharmos para a aura que envolve Penadinho, e a paleta de cores utilizada pelo casal. E junto com a cor, temos os desenhos. E que desenhos. Crumbim e Eiko conseguem fazer personagens ao mesmo tempo expressivos e fofos, alegres e melancólicos. Já disse isso na resenha do Universo HQ, mas repito: não tem como olhar para o desenho do Frank e não imaginar um boneco de pelúcia daqueles que as crianças agarram e nunca mais soltam.
A história é extremamente cativante, e uma daquelas que prende o pobre leitor que tem que ler o livro em uma sentada, porque não consegue largar. A história é cheia de subtramas, que ajudam a contar o drama central, o que garante uma releitura certeira, talvez mais interessante que a primeira.
Outro ponto sensacional é a criação dos personagens. Crumbim e Eiko conseguem deixar as criaturas de Maurício de Sousa ainda mais divertidas. Zé Vampir espirituoso e sacana, Frank ingênuo e carismático, e o Muminho medroso (uma múmia com medo de maldições??) são os companheiros de Penadinho em sua jornada. Mas além deles há os outros personagens incidentais da trama – inclusive um que se revela um grande amigo – e os vilões. Todos muito bem caracterizados.
O leitor também deve prestar atenção nas referências. Elas permeiam a obra inteira e revelam muito da personalidade e gostos do casal produtor. Desde o primeiro quadrinho o bom Heavy Metal está presente. E ao longo da história mais e mais referências ao metal, suas bandas e canções vão aparecendo. Mas além disso há referências para música clássica, literatura medieval, videogames… um mar de easter-eggs.
Enfim, uma obra recomendadíssima, divertida, cativante e que deve ser lida por todas as pessoas da casa, do netinho ao vovô, do cachorro ao papagaio.




