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Na CPMI do INSS, milhões de aposentados e pensionistas aguardavam respostas. Queriam ouvir do investigado Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, explicações sobre o esquema bilionário de fraudes que drenou recursos da Previdência. Mas, quando confrontado pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o silêncio foi sua única resposta. Depois, chegada a minha vez de indagá-lo, inicialmente balbuciou uma reação mas, diante da insistência em perguntas inconvenientes a quem esconde a verdade, preferiu ficar calado.
A mudez, porém, não foi regra na CPMI. A muitos outros parlamentares, o Careca respondeu. Fez longos rodeios e posou de empresário bem-sucedido - ainda que suas “empresas” sejam apenas CNPJs para lavagem de dinheiro e pagamento de propina, como apontam as investigações da Polícia Federal. Diante de perguntas que atacavam suas atividades ilícitas e, principalmente, que sondavam quem seriam os beneficiários do esquema que roubou bilhões de aposentados, demonstrou incômodo.
A cada pergunta sem resposta aumenta nossa responsabilidade de apreciar com todo o cuidado os documentos enviados à CPMI para revelar ao Brasil o que os investigados tentam esconder
Qualquer empresário sério, se decidisse por atuar com aposentados, dado o largo histórico de corrupção no INSS, tomaria precauções para não ter seu nome ou empresa envolvido em desvios no futuro, correto? Confrontado com essa pergunta, Careca não respondeu.
Uma de suas supostas empresas era um call center. Ali, certamente, teria recebido reclamações de beneficiários do INSS que não reconheciam a contratação dos serviços que eram descontados dos seus parcos vencimentos. Quando recebia tais reclamações, Careca avisava as autoridades? Sim ou não? Também não respondeu.
Ao ser questionado sobre relações com o empresário Maurício Camisotti, que também está preso, sobre procurações assinadas por laranjas, sobre contratos milionários com parentes de ex-dirigentes do INSS… novamente o silêncio. Um silêncio acompanhado de uma postura cínica e fria, mas que não enganou a CPMI. A aparente psicopatia combina com o bárbaro crime cometido contra aposentados, viúvas, idosos, deficientes físicos, órfãos: roubar dessas pessoas só pode ser obra de criminosos sem o menor coração.
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O silêncio do depoente para não se autoincriminar é um direito constitucional que tem sido respeitado pela CPMI. Fica cada vez mais sonoro, porém, que todos os indícios levam a um cenário de gritante criminalidade e estrondosa organização criminosa As relações espúrias entre o Careca do INSS e agentes públicos do governo Lula estão expostas. O Careca sequer conseguiu explicar porquê transferiu milhões de reais a empresas ligadas a parentes de servidores do alto escalão do INSS, nomeados por Carlos Lupi, ministro da Previdência Social de Lula.
Na CPMI, seguiremos com trabalho sério para representar a voz das vítimas com as informações que já temos dos relatórios da Polícia Federal, das matérias da imprensa e das quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático que a CPMI está recebendo. A cada pergunta sem resposta aumenta nossa responsabilidade de apreciar com todo o cuidado os documentos enviados à CPMI para revelar ao Brasil o que os investigados tentam esconder.
Roubar aposentados é um crime abominável e a CPMI atuará para revelar todos os cúmplices e autores deste bárbaro crime que serão responsabilizados nos termos da lei.




