
Estive adoentada durante os últimos dias e a disposição habitual à escrita diminuiu, porque uma pessoa precisa estar bem física e mentalmente para agir com eficiência e contribuir com os demais. Fiquei, entretanto, acompanhando as novidades boas e preocupantes anunciadas pelos jornais, revistas e na internet, além da conversa diária com familiares e uns poucos amigos, mas um tema mereceu a minha atenção habitual: a violência em vários setores da vida comum. É sobre ele que desejo hoje trocar uma conversa com você, leitor.

Edson Luiz Berlleze, gerente de fiscalização da Urbs, mostra um dos 28 ônibus depredados no Atletiba de domingo
Até quando? – No domingo, ao voltar para casa, encontrei três ônibus enfileirados na canaleta do expresso, ali nas imediações da Sete de Setembro, nas proximidades da Utfpr. A cena era assustadora. Os torcedores exaltados gritavam feito loucos, enquanto as viaturas da polícia tomavam grande parte da rua obrigando o desvio dos carros comuns para a congestionada Silva Jardim e arredores.
Não dava, entretanto, para saber a razão daquele caos: torcedores gritavam ensandecidos e as aberturas que ficam no teto dos ônibus exibiam mãos acenando em concertada bagunça, enquanto uma espécie de histeria era estampada no quadro geral das fisionomias que eu avistava; hoje ao ler e acompanhar as preocupações do Tiago Recchia, em Ah, tlé,Tiba ( Esportes, Gazeta do Povo, 17 de out.)entendi: mais um saldo da violência que avança fazendo vítimas e destruindo a alegria das famílias e de quem sabe acompanhar a bola rolando no gramado sem perder a compostura. Uma tristeza.
Trim-trim – Você soube daquele caso em Florianópolis? Um garoto de 12 anos agrediu física e verbalmente a professora de português. O motivo? Pela segunda vez ela pediu que o guri guardasse o celular, pois estava perturbando a aula; o estudante não gostou e partiu para a agressão verbal e física. Virou um caso de polícia.
Já está mais do que na hora de fazer as crianças e os jovens compreenderem que durante o período de aula o celular não pode ter a prioridade da atenção, exceto se para estabelecer uma atividade interativa, por exemplo: cálculos matemáticos, redação de mensagens curtas coletivamente exercitadas, etc. Eu agiria igualzinho à professora catarinense: daria uma dura no guri, porque se na casa da maioria das pessoas funciona um vale-tudo a escola não poderá acoitar desrespeitos e violação das regras da boa convivência.
Sem lenga-lenga alguma – Eu sou educadora, mas não sou aquele tipo ingênuo ao ponto de acreditar na redenção de tudo e todos pela educação. As teorias educacionais explicam muitos acertos, mas é preciso bem conhecê-las e olhar também para todas as direções e perceber as interveniências de outros fatores na vida social. Essa agressividade toda rolando em casa e na rua, altas taxas de desemprego, indigência social, ociosidade estimulada, o vale-tudo escandalosamente apregoado em todas as instâncias sociais, desestruturação familiar e maus exemplos têm atiçado a lenha na fogueira da brutalidade humana. Um grande trabalho à educação das novas gerações está reservado.
Antídotos eficientes – Tom de voz amável, gestos cordiais, delicadezas nas expressões comunicativas, assertividade e bons exemplos em casa, na escola, no trabalho e na vida em comum fazem enorme diferença. São barreiras à violência, mas esses antídotos são diametralmente enfraquecidos pelos ditadores do modismo e das irreverências calculadas; estes, infelizmente, nem cadeia, nem multas pesadas, nem censura, nem nada parecem fazer frente. É preciso ter paciência histórica e acompanhar os ciclos da vida. Um dia eles desaparecem e cedem lugar ao novo, mas se deixarmos.
Quer escrever sobre o tema?
Proposta 1– Você já entrou em algum ônibus um pouco antes do início dos jogos de futebol? Descreva o que presenciou e apresente argumentos que justifiquem o comportamento dos torcedores nos momentos que antecedem ao jogo ou ainda dos que refletem a comemoração ou a derrota do time.
Proposta 2 – Você costuma atender ao telefone celular e deixar que todos saibam da sua conversa, em razão do tom de voz alto? Usa o aparelho enquanto dirige? Fica o tempo todo ligado no celular e não oportuniza tempo para outros interesses? Você faz tudo isso na frente dos filhos, da família, dos alunos, dos colegas do escritório ,da escola ou faculdade? Comente.
Um lembrete: muitos agem assim mecanicamente e se pudéssemos nos avistar teríamos até pena desse ser humano regulado inteiramente por um aparelho poderoso.
As crianças e os jovens seguem os exemplos; quando bons abrem a temporada às alegrias ilimitadas , mas quando maus extrapolam as comportas da vilania, do oportunismo, da torpeza e da bestialidade.
Até a próxima!



