
Com o intuito de estabelecer novas estratégias de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita criei há cerca de três meses um Clube do Filme, uma extensão das minhas aulas e um programa voltado aos antigos e novos alunos dos Encontros Marcados com a Redação que desejam manter acesa a chama da escrita, sob a minha supervisão. A minha mais recente programação ainda está em arquivo, mas com o passo bem certo em direção à prática – e foi com grande satisfação que examinei o livro do canadense David Gilmour com título homônimo ao meu novo programa.

Ler é interpretar dados; escrever uma decorrência natural do estabelecimento de sentidos – Encontros Marcados com a Redação, em Maio 2009
Para deixar o leitor bem por dentro da situação saiba que em O Clube do Filme ( Tradução de Luciano Trigo, ed. Intrinseca, R$24,90, 230 páginas) um homem de 50 anos concorda que seu filho adolescente deixe a escola, mas que assuma o compromisso de assistir, pelo menos três filmes por semana, na sua companhia. A história, em si, rende muitas reflexões e vale o tempo destinado a sua leitura, assim como boas conversas sobre a prática que ela sugere. Para quem é assinante vai a dica: ler a crítica do Sérgio Rizzo, em “Autor registra experiência de usar cinema para educar filho” (FSP, Ilustrada, 13 de junho), assim como examinar as observações e passar numa das livrarias da cidade e dar uma olhada no livro.
No meu programa O CLUBE DO FILME um pequeno grupo de alunos dispõe de mais tempo para estar na minha companhia; ficaremos juntos por 3 horas durante um dia na semana, ao contrário das 2horas habituais e a programação é estabelecida assim:
> Há uma lista de filmes e uma breve conversa sobre enredo, personagens, locais de filmagens e outras que surgirão naturalmente;
> em seguida passamos a uma parte teórica sobre o modelo de texto que pretendo trabalhar;
> leitura de informações coadjuvantes, tais como impressos com sinopse, dados da bilheteria e curiosidades obtidas a partir do que recolhi dos jornais e revistas sobre cada filme exibido;
> prática da redação, a partir do que foi examinado pelo aluno espectador, tanto com relação ao que captou do filme, assim como do material de apoio impresso de que dispõe.
> elaboração de um caderno com múltiplas redações centradas nas observações feitas sobre os filmes examinados pelo grupo.
Já negociei com uma videolocadora, localizada aqui nas imediações do bairro Mercês e as minhas aulas desse programa acontecerão na sala de exibição disponível; tomara que apareçam interessados nessa opção divertida para melhorar a leitura e a escrita, sobretudo dos jovens adolescentes.
Objetivos educacionais sem entraves -Muitos colegas professores exibem filmes durante as suas aulas, mas o tempo e o despreparo quanto à exploração teórica da trama e as associações feitas com as intenções pedagógicas deixam muito a desejar; tenho certeza de que não desperdiçarei a oportunidade de articular o prazer do espectador de um filme com a necessidade de ler melhor e escrever com autonomia em língua portuguesa.

O exemplar de O CLUBE DO FILME é mais uma referência ao meu programa de leitura e escrita
Quer treinar a escrita sobre o tema da postagem?
Proposta 1 – Elabore uma lista de filmes inesquecíveis e justifique objetivamente a inclusão dos títulos.
Proposta 2 – Qual o último filme que você assistiu no cinema? (Des)gostou? Justifique. Cite o título, direção e pontos fortes e fracos do filme.
Proposta 3 – Muita gente opta pelas locações de filmes em videolocadoras ao contrário das idas às salas de exibição nos cinemas; qual é a sua preferência? Argumente; comente, inclusive, acerca dos locais que prefere,em razão da qualidade do atendimento e acomodações, assim o que é bom será conhecido por um número maior de pessoas.
Proposta 4 – Na minha época de criança e adolescente, lá em Belém (PA), eu costumva assistir filmes no Cine Olímpia, no Cine Palácio e no Cine Independência( hoje todos desativados); mais tarde, morando e estudando em Campinas(SP), fui muitas vezes aos cinemas do circuito alternativo, onde apenas passavam filmes escolhidos pela riqueza da produção e qualidade do roteiro.
Você lembra dos cinemas antigamente espalhados pela cidade? Há algum que você guarda boas lembranças? Quais as diferenças entre as antigas salas de exibição e as que hoje encontramos em shoppings? Lembro do antigo Cine Plaza , localizado ali na Praça Osório e sempre que passo em frente, apesar das críticas improcedentes ao local, bate uma saudade. O último filme que assisti lá foi Desventuras em Série, baseado no livro de Lemony Snicket, um dos autores preferidos da minha adolescente filha.
Filmes& Caderno de resumos – Eu adoro assistir filmes nas telonas, mas também em casa, o que fez escola familiar; minha filha é fã incondicional de dvs e também já mantém um caderno com as anotações sobre titulo, direção, roteiro, atores, trilha sonora e outros detalhes que rendem muita prática da escrita, portanto, a boa ideia contida no Clube do Filme, do canadense acima pode ser uma realidade em todas as casas; basta que um adulto selecione bons filmes e convide aos amigos ou filhos para uma diversão garantida, além de excelente reflexão, mas não aconselho retirar um adolescente da escola em troca desse programa doméstico, porque o convívio social com jovens no ambiente escolar, apesar da diversidade dos problemas, ainda é o melhor modo de ser educado.
Até a próxima!



