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Quente, frio ou devagar, quase parando?

Uma das vantagens da indiferença aos fatos é o descompromisso, mas quando nos envolvemos com a notícia, o problema isolado e individual passa a ser comum, coletivo. Muitos brasileiros, entretanto, preferem ficar de fora, assistindo a banda passar, enquanto permanecem não à toa, mas sim ligados nos seus afazeres e interesses próximos. É uma questão de escolha, mas há os que ficam incomodados com boa parte das contradições e desatenções vigentes, pois elas interceptam o sucesso e os benefícios à coletividade.

Eu sinceramente não saberia mais ficar indiferente aos fatos ocorridos em Curitiba e região, pois moro aqui e a vida vai nos aproximando dos lugares avistados e das relações estabelecidas. Não consigo ficar indiferente ao que acontece, por exemplo, na Amazônia, nos bastidores de Brasília e mais especificadamente no MEC. Sou uma leitora profissionalmente ávida por notícias e modos de interação com os fatos; não fico quieta, fria e indiferente um dia sequer, prezado leitor, mas é como já frisei acima, uma questão de escolha.

Benett/Gazeta do Povo

A marca da diferença – Avidez à informação faz desencadear os modos de participação na sociedade; no caso estudantil, por exemplo, não vejo nenhum estudante, inscrito no Enem, atento aos meandros do que enfrentarão nos próximos dias. Como andam os bastidores da elaboração da prova, quem corrigirá as redações e nem se o MEC já sabe como fará para levar adiante as propostas anunciadas são indagações da hora. A maioria dos estudantes é de fato fria e devagar quase parando e fica aparentemente confortável na posição de sujeito passivo. Tiro essa conclusão pela conversa que mantenho com os meus alunos; eles não questionam nada, absolutamente nada sobre a preparação do exame, a sua aplicação e resultados práticos. Cabe, então, aos adultos, pais, professores e leitores atentos maior atenção ao assunto.

Em busca de corretores para as redações – Há dias atrás o Inep, autorizado pelo MEC, abriu inscrições aos interessados em corrigir as redações do Enem; o prazo era até o último dia 15, mas agora elas foram prorrogadas e os interessados – os habilitados em Letras e com dois anos comprovadamente no batente em sala de aula – poderão participar desse processo inicial até domingo, dia 22. Por que essa dilatação do prazo de inscrição? Você já parou para pensar? Por que somente agora a preocupação em formar uma equipe de cinco mil corretores?

A dúvida metódica – Desde maio, quando as novidades sobre o Enem foram anunciadas, gostei das idéias que norteavam as intenções do exame, principalmente pelos resultados positivos que poderiam trazer à escola pública, mas não apreciei a pressa na adoção dessas mudanças. As minhas dúvidas continuam e tenho certeza de que ainda nos serão reservadas muitas surpresas relacionadas ao exame e será muito prudente que todos, os pais, os professores e os jovens inscritos no Enem fiquem mais atentos a tudo, porque coordenar uma prova nacional e administrar a aplicação de um exame com esse alcance não é pouca coisa.

Tenho receio de que a indiferença da maioria dos brasileiros aos bastidores dessa engenharia educacional arrefeça a temeridade de um insucesso – e se você permanece quente, frio ou uma carta dentro ou fora do baralho é uma questão crucial, tanto para quem prepara, assiste a movimentação estudantil, quanto para quem está intimamente envolvido com ela.

Você pode imaginar? Elaborar uma prova em âmbito estadual é uma coisa; agora imagine na dimensão continental aspirada pelo ENEM? Pensou? Faço um convite especial ao trio de vestibulandos(Isabela, Henrique e Ivâni) que emite opiniões diversas no Diário do Vestiba: gostaria de saber o que pensam sobre o assunto? Será mais um ótimo treino à concatenação das ideias e defesa de pontos de vista – e o leitor está igualmente convidado a participar das questões de hoje.

Sugestões de leituras conexas ao tema

>”O fiasco do adiamento das provas…”

> Você ficaria sossegado se…”

>”Depois do adiamento…”

>”Boa parte da população brasileira foi…”

Eu desejo sinceramente que o MEC consiga articular de maneira eficiente a aplicação do ENEM, mas meus temores continuam – e um edublog tem um compromisso com os seus leitores: não fugir de assuntos ligados à educação, sobretudo a pública, pois esta envolve não apenas os resultados, mas as esperanças de milhões de brasileiros de todos os cantos deste enorme país. Assunto sério, concorda comigo, leitor?

Continuo orientando meus alunos à leitura atenta dos comandos das questões objetivas do ENEM e também maior apuro na composição da redação dissertativa; faço a minha parte profissional. Ao Benett agradeço a perfeita ilustração à postagem e aos leitores a generosa paciência para acompanhar e participar ativamente da reflexão de hoje.

Até a próxima!

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