Reiteração necessária
Descobri ao trabalhar com textos e também ao escrevê-los um aspecto, geralmente não observado pelo leitor e também pelo produtor de um texto: a existência de duas mãos ou vias nos objetivos. Saiba o leitor que essa informação já foi explorada na postagem anterior, mas ora reiterada, principalmente para atender aos que navegando na internet passam aqui agora.
Fique de olho
Quem escreve precisa atender às exigências objetivas da escrita e quem lê examina se as condições estão ali, presentes no texto, portanto, se alguém redige algo é para atender as exigências de determinado leitor. Essas duas atitudes parecem óbvias, mas na prática, poucos lhe oferecem a devida atenção. Se imaginarmos o que o nosso leitor deseja encontrar, logo lhe atenderíamos, mas não, escrevemos para nós, enquanto deveríamos escrever para o outro, o leitor, o interlocutor.
Não negue a importância
Negar esse privilégio ao leitor é negligenciar o propósito da escrita, que visa prioritariamente comunicar algo a alguém – e da melhor forma possível, recomendação que insisto jamais deve ser esquecida.
É extremamente importante à ocasião da produção de um texto lembrar dessas duas vias: objetivo de quem lê e objetivo de quem produz o material da leitura. Esta preocupação faz toda a diferença.
Ficar “ligado” na necessidade de escrever em atenção a quem vai ler é ir, cada vez mais, acertando “na mosca”, Atentar à figura do interlocutor é condição básica na formação de bons produtores de textos.
Objetivos do leitor de um texto
1-Conferir o grau de conhecimento temático presente.
2-Examinar a capacidade de articulação dos recursos textuais.
3-Reexaminar assimilações de conteúdos.
4-Avaliar o nível da linguagem utilizada.
5-Conferir a adequação à proposta de produção do texto.
Objetivos do produtor um texto
1-Expressar conhecimento temático com clareza.
2-Demonstrar capacidade de articular
recursos textuais com eficiência.
3-Revelar acentuada leitura crítica.
4-Estabelecer releituras.
5-Expressar adequação à proposta.
6-Valer-se de nível lingüístico adequado.
O terceiro elemento do quarteto infalível
Na postagem anterior, comentei sobre a necessidade de conhecer temas para escrever em atenção às solicitações das propostas de produção de textos. O conhecimento temático e os objetivos de um texto são elementos do quarteto infalível que costumo apontar aos alunos – e hoje é a vez dos recursos textuais, esses poderosos elementos de apoio à escrita. Conhecer esses ingredientes da redação deixa qualquer um mais autônomo e seguro.
Leve a sério as aulas de língua portuguesa – é o que preceitua a prova de Compreensão e Produção de Textos, no entanto nos últimos tempos tornou-se motivo de chacota ou demérito quando um professor da minha área insiste em trabalhar conteúdos teóricos que assentam as bases da nossa língua escrita. Esse colega costuma ganhar as mais desapaixonadas declarações de prestígio à língua materna. Em tempo de internet e da linguagem rápida meu colega parece falar de uma outra língua, mas na horinha do aperto, da competição acirrada em um concurso a moçada é “obrigada” a reconhecer que deixou, negligenciou oportunidades de compreender o funcionamento, as modalidades e a estrutura da língua escrita utilizada nas provas, nos exames vestibulares.
Recursos textuais – você os conhece?
1-Legibilidade
2-Vocabulário
3-Ortografia
4-Pontuação
5-Concordância entre as palavras
6-Uso dos tempos verbais
7-Intertextualidade
8-Recursos coesivos
9-Objetividade
10-Dados numéricos
11-Níveis da linguagem
12-Adequação pronominal
13-Ilustrações mentais ou visuais
Esses não limitados e eficientes auxiliares da escrita fazem parte dos conteúdos teoricamente presentes no currículo do ensino médio do Brasil, no entanto são muitas vezes negligenciados, por parte daqueles que têm obrigação profissional de oferecê-los aos escolares. Há uma subtração de conteúdos e uma negligência assustadora tanto dos colegas professores da área quanto dos alunos, assunto que tratarei em outra ocasião com mais vagar.
