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Bicicletas
Governo federal derrubará gradativamente imposto sobre importação de bicicletas| Foto: Carlos Poly/Prefeitura de Araucária

Um novo regramento tributário deve colocar mais lenha na fogueira de um dos segmentos que mais aqueceu durante a pandemia: o das bicicletas. Com a redução no tributo de importação de bicicletas montadas e a expectativa de queda também no custo de componentes, importadores e lojistas do Paraná, estado que tem tradição forte no setor, estimam que as vendas devam se manter em bom patamar durante 2021.

No último dia 18, o governo federal publicou no Diário Oficial da União a redução progressiva na alíquota de importação de bicicletas. Atualmente, a taxa é de 35%. A partir de março passa para 30%; em julho, 25% e, em dezembro, 20% -- mesmo patamar de 2011, quando o produto teve sua base tributária elevada. A medida foi festejada por entidades do setor, como a Aliança Bike, que reúne indústria e comércio do segmento, que descreveu a redução como "uma vitória do mercado de bicicletas e também dos ciclistas de todo Brasil".

Há, ainda, a expectativa para que componentes importantes em um bicicleta, como conjunto de câmbio e pinhão (mecanismo na roda ao qual a corrente é presa), também tenham taxas de importação reduzidas.

Por aqui, a previsão de compras mais baratas no mercado externo animou boa parte do setor. "O custo de importação se tornou muito alto [nos últimos anos]. E ficou pior com o dólar caro e uma certa dificuldade nos fretes [com a atividade industrial em ritmo anormal no mundo todo, o transporte marítimo das produções industriais ficaram mais caros e demorados dependendo da origem]. Estava compensando apenas trazer marcas voltadas aos nichos, bicicletas profissionais sem uma concorrência nacional", descreve Mauro Borges, um importador sediado em Maringá, no Noroeste do estado, que abastece lojas da região e sul de São Paulo.

Ele alerta que, de 2011, quando houve a elevação no tributo, para cá, teve que competir com um crescente número de contrabandistas. O crime de descaminho de bicicletas tem o Paraná como uma das principais portas de entrada, já que os produtos são trazidos para o Brasil via Paraguai.

Para os comerciantes, a medida pode mitigar a falta de produtos no mercado. George Volpao, coordenador de e-commerce da Jamur Bikes, de Curitiba, indica que o aumento na demanda por bicicletas e peças na pandemia foi muito superior à produção mundial, o que levou à falta de produtos nas prateleiras. "Não víamos uma alta dessas de os anos 1990, com a moda das mountain bikes", diz. A loja registrou um aumento de 30% nas vendas em 2020, quando comparado a 2019.

Volpao mantém um otimismo cauteloso. Embora admita que a medida deva trazer mais marcas e competitividade ao Brasil, ele aponta um "receio de que os importadores não repassem essa redução ao varejo". "Estamos em uma situação em que todo mundo está abrindo mão de sua lucratividade por conta da escalada do dólar. Esperamos que haja essa redução e que, principalmente, ela chegue na ponta [o consumidor], diz.

Vendas em expansão

As entidades representativas não tem dados regionalizados sobre a venda de bicicletas. Mas, lojas conceituadas do Paraná, indicam alta nas vendas de bicicletas durante a pandemia. A Cicles Jaime, por exemplo, viu os negócios crescerem 50% na pandemia. Outros estabelecimentos consultados informaram alta entre 30% e 60% no volume de negociações.

No Brasil todo, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) diz que houve redução na ordem de 27% na produção de bicicletas em 2020. No entanto, o número de vendas subiu. A Aliança Bikes diz que a média nacional foi de 50% a mais de vendas em relação a 2019.

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