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O mercado brasileiro de telecomunicações ganhou um novo competidor de peso: a Nio Internet. A empresa chegou ao Paraná já ocupando posição de liderança, com mais de 500 mil clientes herdados da antiga Oi Fibra e uma estratégia comercial que promete redefinir os padrões de atendimento no setor.
A chegada da Nio representa mais que o surgimento de mais uma operadora. Trata-se de um experimento de mercado que testa se é possível competir com as gigantes Claro e Vivo sem a necessidade de investimentos bilionários em infraestrutura própria.
O que é a Nio Internet e como ela surgiu?
A Nio nasceu de uma operação estruturada pelo mercado de capitais. Em fevereiro, a V.tal – empresa de infraestrutura neutra – adquiriu a base de clientes da Oi Fibra e criou a Nio como braço comercial independente. Os fundos geridos pelo BTG Pactual assumiram o controle acionário, sinalizando a confiança do mercado financeiro na viabilidade do projeto.
O diferencial estratégico está no modelo asset light – a empresa não possui rede própria, alugando toda a capacidade da V.tal. Essa abordagem reduz drasticamente os investimentos de capital (capex), mas pressiona as margens operacionais devido ao custo de locação da infraestrutura.
Liderança imediata no Paraná: os números da Nio no estado
Márcio Fabbris, diretor-executivo da companhia, projeta faturamento anual entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. No Paraná, a Nio assume a liderança imediata com 18% de participação no mercado de fibra óptica, atendendo 51 cidades, incluindo os principais centros urbanos, como Curitiba, Maringá, Londrina e Cascavel.
A proposta da Nio revela uma leitura sofisticada do momento atual do setor de telecomunicações. Em um mercado saturado, no qual o crescimento por novas conexões se tornou marginal, a empresa aposta na migração e retenção de clientes através da diferenciação no atendimento.
O portfólio foi simplificado em três planos residenciais (500 Mega por R$ 100, 700 Mega por R$ 130 e 1 Giga por R$ 160), todos com garantia de preço fixo até janeiro de 2028 – uma estratégia ousada em um ambiente inflacionário. Para PMEs, a empresa criou uma linha específica com serviços agregados como maquininhas do PagBank e antivírus corporativo.
A tecnologia se torna o principal diferencial competitivo. A Nio promete monitoramento proativo dos equipamentos, antecipando problemas antes que o cliente os perceba.
A estratégia para competir: atendimento e tecnologia como diferenciais
A estratégia da Nio testa uma tese interessante: se a diferenciação por atendimento e tecnologia consegue compensar margens operacionais mais apertadas. Enquanto Claro e Vivo operam com redes próprias e podem otimizar custos de longo prazo, a Nio dependerá da eficiência operacional e do valor agregado para justificar suas tarifas.
O mercado paranaense oferece um laboratório privilegiado para esse experimento. Com alto poder aquisitivo e demanda por serviços de qualidade, o estado representa o perfil ideal de consumidor disposto a pagar por diferenciação – exatamente o que a Nio precisa para validar seu modelo de negócios.
O conceito de "segunda onda" da internet fixa faz sentido econômico, aponta e empresa. Superada a migração do cobre para a fibra, ela avalia que a próxima fronteira competitiva está na experiência interna do usuário – Wi-Fi 6, redes mesh e atendimento proativo.






