Hoje eu destaco a figura do escritor russo Aleksandr Soljenítsin. Há exatos 80 anos, em fevereiro de 1945, ele foi preso pelas autoridades comunistas. Soljenítsin estava lutando na Segunda Guerra Mundial, fazia parte do Exército Vermelho e havia sido condecorado duas vezes por bravura no campo de batalha.
Ao escrever uma carta a um amigo, que também estava na guerra, ele criticou o governo comunista, mencionando Josef Stalin. Por esse “tratamento desrespeitoso”, numa carta, Soljenítsin foi acusado de atividades contrarrevolucionárias, atividades antissoviéticas, enquadrado no famigerado artigo 58 do Código Penal Soviético e condenado a oito anos de trabalhos forçados no campo de concentração.
É assim que agem sempre os governos totalitários. Só nos governos totalitários existe o crime de fala, o crime de pensamento. Percebam que isso se repete ao longo da história. Então, hoje em dia, as pessoas podem ser punidas, perseguidas, e até condenadas à prisão por algo que elas dizem: pode ser uma mensagem de Whatsapp, um vídeo.
Campos de concentração comunistas
A prisão de Soljenítsin viria a revelar ao mundo a existência dos campos de concentração comunistas, conhecidos pela sigla GULAG, que significa administração dos campos de reeducação, porque eram chamados assim na época pelos comunistas. Soljenítsin foi preso, ficou doente na prisão e não recebeu tratamento adequado. Depois foi encaminhado finalmente a uma clínica e conseguiu se curar do câncer. Escapou com vida, por sorte.
Nos campos de concentração soviéticos, como Soljenítsin explica em sua obra "Arquipélago Gulag", passaram mais de 12 milhões de pessoas. Ou seja, não havia uma só família em toda a União Soviética que não tivesse alguém, que não conhecesse alguém que já havia passado pelos campos de concentração. Até hoje não se sabe quantas pessoas morreram. Certamente milhões perderam a vida. A existência desse sistema concentracionário foi revelada pela primeira vez num livro que Soljenítsin escreveu, pouco depois de sair do campo, uma pequena novela intitulada “Um dia na vida de Ivan Denisovich”.
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