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Paulo Briguet

Paulo Briguet

“O Paulo Briguet é o Rubem Braga da presente geração. Não percam nunca as crônicas dele.” (Olavo de Carvalho, filósofo e escritor)

Alta cultura

A presença de Olavo e o futuro do pensamento brasileiro

Olavo de Carvalho e sua esposa Roxane. (Foto: Mauro Ventura/Arquivo pessoal)

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“O conhecer se torna a coisa conhecida.”
(Aristóteles, De Anima)

Querido Olavo,
Às vezes eu fico imaginando como devem ser as suas conversas aí em cima com o Padre Pio, Tomás de Aquino e Edith Stein. Aqui embaixo, de nossa parte, seguimos trabalhando e orando, pois a coisa está feia, você bem sabe. Mas, de vez em quando, há uma boa notícia para nos encher de alegria e esperança.

Neste final de semana, em São Paulo, aconteceu um desses momentos alvissareiros. Um grupo de jovens alunos seus — capitaneados pelo brilhante Bruno Fontana — realizou o congresso A Presença de Olavo. Não foi uma simples homenagem a você e à sua obra; na verdade, o evento representou uma resposta a um apelo que você fez a todos nós que o admiramos:

“Minha esperança é que os meus alunos, com o tempo, consolidem um genuíno estilo brasileiro de alta cultura: inseparavelmente popular e erudito, engraçado até o ponto de matar de rir, com clarões de lucidez escandalosa que parecem loucura à primeira vista. (...) Profundamente cristão sob uma aparência enganosamente obscena. Aristóteles no programa de Alborghetti. Cogito ergo Mussum. Isso há de acontecer, se Deus quiser.”

E está acontecendo, Olavo. As sementes que você lançou estão frutificando em vários campos do conhecimento, a começar pela própria filosofia, com o trabalho do já citado Bruno Fontana, do meu amigo e seu braço direito Silvio Grimaldo — “Meu aluno mais inteligente”, você disse — e Jason Medeiros.

Na literatura, com Diogo Fontana, Fábio Gonçalves e João Filho. Na teologia, com o Padre José Eduardo. Na astrologia tradicional, com Marcos Monteiro. Na educação clássica, com Amanda Stella. Na historiografia, com Rafael Nogueira. Nas artes cênicas, com Roberto Mallet. Isso para mencionar só os que estiveram lá; sabemos que a lista é muito, mas muito maior.

Entre uma palestra e outra, conversei com pessoas que vieram de diversos pontos do país — e todas, sem exceção, me falaram sobre a admiração que sentem por você e sobre a diferença que suas aulas e livros fizeram para elas.

Considerando que ainda existem, por um cálculo aproximado, cerca de 50 livros a serem publicados de sua obra, tenho razões para acreditar que o Brasil passará as próximas décadas discutindo Olavo de Carvalho, enquanto as sementes darão origem não apenas a uma árvore de mostarda, mas a uma floresta incomensurável de verdade, bondade e beleza.

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No livro O Futuro do Pensamento Brasileiro, você fala sobre as quatro grandes fontes da alta cultura nacional, os rios caudalosos dos quais afluem quase todas as realizações da inteligência pátria: Mário Ferreira dos Santos, Otto Maria Carpeaux, Gilberto Freyre e Miguel Reale. Hoje, mais do que nunca, eu tenho a convicção de que você é a quinta fonte.

Como não poderia deixar de ser, fecho a crônica com uma nota pessoal. Meus sete leitores sabem que, durante um longo tempo, eu fui ateu e voltei à Igreja graças a você. No auge (ou melhor, no fundo) do meu ateísmo, eu morava em uma república bem perto da Avenida Paulista e quase todos os dias passava defronte à Catedral Nossa Senhora do Paraíso, um belíssimo templo onde se celebra o rito greco-melquita, em plena comunhão com a Igreja Católica Romana. Na época, jamais me imaginaria pondo os pés ali.

No domingo, após quase 40 anos, eu finalmente entrei nessa igreja e assisti a uma das mais belas e piedosas missas da minha vida. Ao meu lado estavam a Rosângela, o Pedro e meus amigos olavetes.

Por isso, eu também te agradeço, professor.
(Ah, avise ao Padre Pio que tem uma imagem dele lá na igreja do Paraíso.)

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