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Ó Virgem mãe, ó filha de teu Filho,/ mais alta e humilde que qualquer criatura,/ dos eternos desígnios termo e brilho!”
(Dante Alighieri, Paraíso, Canto XXXIII)
Sobre minha mesa de trabalho, entre papéis, livros e canetas, repousa uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Tem apenas três centímetros. É escura, com traços gastos pelo tempo — e pelo toque de quem rezou com os dedos. Essa imagem pertenceu à minha amada Vó Maria e, segundo me disseram, já tinha décadas quando cheguei ao mundo. Nunca soube exatamente quem a deu, nem em que circunstância ela veio parar na casa da minha infância. Mas ali estava, firme, no topo da estante de madeira onde minha avó guardava retratos, remédios e terços partidos.
Agora ela está aqui, na mesa onde escrevo. E hoje percebo o que isso significa.

Durante muitos anos, não a enxerguei. A pequena imagem permaneceu no alto da estante da minha avó, depois num canto da estante da memória e, por fim, dentro de uma caixa, atravessando mudanças, livros, vícios, promessas não cumpridas e manhãs inexistentes.
Quando perdi a fé, não a levei comigo — mas ela veio. Quando mergulhei em ideologias, slogans e autossuficiências, ela permaneceu — sem falar, sem exigir, sem desaparecer. Assim como minha avó, que rezava sem teologia, apenas com o terço nas mãos e a voz quase sussurrada, mas com o coração inteiro.
Hoje o Brasil caminha pelas trevas. Uma noite socio-política se abateu sobre nós, densa como nuvem cinzenta que esconde a alma do país. As palavras perderam o sentido, os homens perderam o rosto, os juízes perderam o medo de Deus. E, no entanto, sobre minha mesa há uma imagem pequena — mas que não se curva.
É ela quem me recorda: a Luz não vem da política, vem do Espírito. E foi ao Espírito que Maria, concebida sem pecado, concebeu o Salvador, dizendo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”
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Em 1717, três pescadores lançaram redes num rio sem peixes. Lançaram, tentaram, nada. Até que, de repente, uma imagem emergiu da lama: primeiro o corpo, depois a cabeça. Era Nossa Senhora da Conceição, escurecida pelas águas, partida pelo tempo, inteira na promessa. Quando a imagem apareceu, os peixes vieram. E o Brasil, ainda por nascer, ganhou uma Mãe.
Hoje penso: aquela imagem achada no fundo do Paraíba era a mesma que minha avó colocava no alto da estante. A mesma que agora me olha da mesa enquanto escrevo estas palavras. A mesma que nunca me abandonou — nem mesmo quando eu duvidei de tudo, e até dela. A Imaculada Conceição Aparecida não é ideia, nem conceito, nem abstração. É uma presença concreta e total: é o rosto materno que aparece na lama do país, não para condenar, mas para recordar que, antes da nossa queda, houve um Sim sem mancha. E que esse Sim permanece.
O Brasil, dizem, não tem mais rumo, não tem mais líderes, não tem mais honra. Mas tem uma Presidente. Não foi eleita — foi escolhida antes da fundação do mundo. Não toma posse com faixas, mas com orações. Não governa por decretos, mas por intercessão. Nossa Senhora da Conceição Aparecida não deixou de ser Mãe para ser Rainha; tornou-se Rainha porque nunca deixou de ser Mãe. Tudo que ela faz — e não é preciso mais nada — consiste em apontar para o Filho, como em Caná, e aconselhar:
— Fazei tudo que Ele vos disser.
Ela é Rainha porque é Mãe do Rei. Ela nos mostra quem está no centro de toda a estrutura da realidade: Jesus Cristo. Por isso, o nome de Jesus está exatamente no centro da oração da Ave-Maria.
Enquanto os palácios se curvam ao erro e ao vício, ela permanece em pé. Enquanto os tribunais torturam a justiça, ela segura o Menino nos braços. Enquanto os poderosos riem da fé dos pequenos, ela aparece, pequena, escura, silenciosa — mas resplandecente aos olhos de Deus. Aparecida não é nome geográfico, é sinal de Deus: ela aparece onde a esperança morreu. Ela surge onde as redes e as ruas estão vazias. Ela reina onde ninguém mais acredita que algo possa ser salvo.
Talvez nosso país precise mesmo perder tudo para reencontrar a única que nunca nos deixou. Salve Maria, Rainha e Presidente do Brasil.
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