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Numa longínqua manhã de 1985, há exatos 40 anos, tive a minha primeira aula de história no colégio. Diante de cem olhos adolescentes, o professor W., um simpático baixinho de óculos e barba, era a própria imagem da superioridade intelectual. Logo no começo da aula, W. tirou alguma coisa de sua pasta e nos mostrou. Era um livro em cuja capa havia a imagem de um senhor barbudo que usava boina militar. W. então declarou que nossa primeira tarefa seria ler “A Ilha — Um repórter brasileiro no país de Fidel Castro”, de Fernando Morais.
Nos meses seguintes, lemos e relemos o famigerado livro de Morais, uma verdadeira ode ao regime socialista cubano e ao seu comandante máximo. Não seria exagero dizer que aquele livro — o primeiro que li no colegial — determinou o curso da minha vida e moldou meu imaginário por mais de uma década. Tornei-me um militante esquerdista radical. Meu sonho era transformar o Brasil numa grande Cuba.
Em 1985, o Brasil estava no período de transição entre a ditadura militar e a chamada Nova República. Àquela altura, a esquerda já havia iniciado sua longa marcha pelas instituições, dominando espaços cada vez mais amplos no sistema escolar, na mídia, na produção cultural e no mercado editorial. Nesse contexto de hegemonia cultural esquerdista, o regime cubano tornou-se uma espécie de modelo político e mitológico para minha geração e as seguintes.
O único problema é que esse modelo fora assentado sobre uma grande mentira. O paraíso de Fidel Castro era — e é — um pesadelo distópico, como vim a descobrir por meio das obras de Guillermo Cabrera Infante, Carlos Alberto Montaner, Mario Vargas Llosa, Roberto Ampuero, Luis Manuel Garcia, Leonardo Padura, Reinaldo Arenas, Armando Valladares, Heberto Padilla e tantos outros. Mas na escola e na universidade ninguém me indicou a leitura desses autores; tive de achá-los por conta própria, ou por indicação de heróis solitários como Olavo de Carvalho.
Conheci o professor Lucas Ribeiro no início de 2020, 35 anos depois daquela aula em que o professor W. nos mostrou “A Ilha”. Com seus brilhantes artigos para o jornal Brasil Sem Medo, do qual fui editor-chefe, Lucas Ribeiro provou não apenas ser um dos grandes estudiosos atuais da geopolítica latino-americana, como também um profundo conhecedor do movimento comunista em nosso continente. Pouquíssimos sabem interpretar como ele as ações e estratégias do Foro de São Paulo, entidade fundada em 1990 por Luiz Inácio Lula da Silva e Fidel Castro com o objetivo fundamental de retomar na América Latina aquilo que fora perdido pela esquerda no Leste Europeu após a queda do Muro de Berlim.
Lucas Ribeiro acaba de lançar, pela editora PHVox, “O livro proibido pelo MEC: Revolução cubana e ditadura castrista”. Em conversa com este cronista de sete leitores, o autor explicou a escolha do título:
— Briguet, como aluno do professor Olavo, você sabe que nada educa mais do que o desconforto provocado pela verdade. Escolhi o título do livro com uma dose consciente de provocação. Ele não foi de fato proibido, mas o escrevi como se o fosse — porque, em um país onde livros didáticos endossados pelo Estado exaltam figuras como Che Guevara e Fidel Castro, qualquer obra que ouse questionar essa narrativa corre o risco de ser silenciada ou, ao menos, ignorada pelas instituições oficiais. Esta obra é um contraponto deliberado aos discursos repetitivos e ideológicos que ainda dominam a educação brasileira.
Não conheço ninguém mais habilitado que meu amigo Lucas Ribeiro para desfazer a montanha de mitos e falácias da ditadura castrista que há seis décadas escraviza o povo cubano e tenta exportar esse modelo genocida para outras nações.
Lucas explica aos meus sete leitores os motivos que o levaram a escrever esse livro:
— Decidi escrevê-lo movido por uma inquietação profunda: por que tantos se recusam a olhar de frente os horrores cometidos em nome da "justiça social"? Por que a Revolução Cubana ainda é retratada como um épico libertador, quando tantos cubanos viveram (e ainda vivem) sob censura, pobreza e exílio?
Apresentando a história da Revolução Cubana sem maquiagem, com base em dados concretos, testemunhos reais e análises fundamentadas, o livro de Lucas Ribeiro traz à tona personagens e episódios que não costumam entrar nos manuais brasileiros — não com o objetivo de chocar, mas para libertar e ampliar o nosso imaginário histórico.
Essa obra é a resposta perfeita para aquele outro livro que o professor W. mostrou na sala de aula há 40 anos e também para os livros didáticos que infestaram as escolas brasileiras nas últimas décadas e esconderam a verdadeira face da ilha socialista.
Obrigado, Lucas Ribeiro, por dar aos brasileiros a oportunidade de ler a verdade sobre Cuba — a oportunidade que aquele menino de 14 anos levaria tanto tempo para encontrar.




