
Ouça este conteúdo
Jesus andava na companhia de 12 padres. Um deles o traiu, outro o negou por três vezes, e os dez restantes fugiram, com uma única exceção. Sabemos que 11 daqueles padres foram perdoados e se tornaram mártires da fé.
Pedro, o chefe dos padres, que o negara por três vezes, terminou seus dias sendo crucificado de cabeça para baixo. João, o único que acompanhou Jesus no Calvário, após uma longa vida de tribulações e perseguições, adormeceu centenário em Éfeso. Todos sacrificaram a própria vida em nome da Verdade que conheceram pessoalmente — exceto o traidor.
Hoje, quero falar justamente sobre aquele padre traidor. Embora tenha terminado seus dias em desespero, pendurado numa árvore, aquele padre fez muitos discípulos ao longo da história. Desde aquele tempo, boa parte desses discípulos se infiltrou na Igreja para destruí-la por dentro, semeando o escândalo e a dúvida entre os fiéis.
Para eles, algum governante humano é o verdadeiro fundador da Igreja Católica, e não Cristo. E isso tem um motivo: para o padre do diabo e seus discípulos, o único poder merecedor de respeito é o dos homens, jamais o de Deus.
Mas quem é o padre do diabo, e quem são os seus discípulos? É fácil identificá-los: são aqueles cuja principal missão na vida é levar as pessoas para o inferno, celebrando o poder humano, o ódio, a vingança, a mentira, o pecado e o assassinato
VEJA TAMBÉM:
O nome “diabo” significa acusador: quando você vê um sacerdote muito mais empenhado em lançar maldições colossais contra seus inimigos políticos do que em mostrar o perdão redentor de Deus, há grandes chances de que você esteja diante de um padre do diabo.
Sempre que penso no discípulo traidor, lembro-me do dia em que fui chamado de Judas. Aconteceu há dez anos, numa cerimônia de lava-pés, em que fui gentilmente convidado pelo pároco para representar um dos doze apóstolos.
Confesso que, na minha vida, eu já pensei como Judas. Não cheguei a ser um ladrão como ele, mas já faltei com a verdade e feri amigos em nome da “causa”. Da mesma forma que Judas, em certa época da minha vida, ao ver alguém usar um frasco de perfume caro para ungir os pés de Cristo, eu certamente diria: “Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?”
Diante desse falso “amor aos pobres”, uma das explicações para a traição de Judas, diz-nos o saudoso papa Bento XVI, é de ordem messiânica: “Judas teria se decepcionado ao ver que Jesus não incluía em seu programa a libertação político-militar de seu próprio país”.
Movidos pela mesma decepção estavam aqueles que escolheram Barrabás, e não Jesus, para libertar durante a Páscoa. Afinal, o nome Barrabás é um título messiânico (quer dizer “Filho do Homem”) e representa a esperança de uma revolução política e sanguinária na Jerusalém ocupada pelos romanos.
Sim, um dia eu fui o Judas. Mas, se não entendermos o fato de que, em algum momento da vida, todos nós o somos, não compreenderemos o coração da mensagem de Jesus. Eu fui o Judas quando acreditava que a tomada do poder político era o caminho para a redenção da humanidade; hoje, grande parte do meu trabalho consiste em reparar esse erro.
Enfim, aprendi: a cruz é infinitamente maior que a forca, o perdão é infinitamente maior que o pecado, e a eternidade é infinitamente maior que a política.
Canal Briguet Sem Medo: Acesse a comunidade no Telegram e receba conteúdos exclusivos. Link: https://t.me/briguetsemmedo




