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Desde o início da atual gestão, os produtores rurais já sabiam que a relação com os representantes do PT no Palácio do Planalto seria agridoce, com uma tendência clara ao amargo. Mas as recentes ações da administração Lula ultrapassaram os limites do aceitável.
Um grupo político que chegou ao poder amparado por um dito “movimento social”, responsável por cooptar pessoas humildes do campo para atos de invasão ilegal de propriedades privadas.
Não bastasse isso, desde 2022, o próprio presidente da República colocou um alvo nas costas do agronegócio, talvez incomodado porque a maioria dos produtores optou por outro candidato nas últimas eleições.
Este governo diverge do agro não apenas ideologicamente. Não bastaram as iniciativas junto ao Supremo Tribunal Federal pela derrubada do constitucional Marco Temporal para terras indígenas, nem o descaso, com produtores rurais, de governadores aliados ao PT diante das invasões em estados como a Bahia.
A gestão petista tentou taxar não só o agro, mas todo o setor produtivo brasileiro: seja na malfadada Medida Provisória nº 1227, a “MP do Fim do Mundo”, contra os créditos de PIS/COFINS; ou na taxação aos FIAGROS - mecanismo de financiamento privado da atividade agropecuária; ou ainda, na taxação de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que ajudam a colocar dinheiro no Plano Safra, programa nacional de auxílio principalmente à pequena agricultura.
Em cada tentativa, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que presido desde 2022, junto a uma coalizão de mais de 30 Frentes Parlamentares do setor produtivo e ao Congresso Nacional, disse e continuará dizendo um firme "não".
A resposta mais recente veio na última quarta-feira (25), quando 383 deputados votaram pela derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Um número expressivo que seria suficiente até mesmo para autorizar a abertura de um processo de impeachment presidencial, com folga.
O Senado Federal, em votação simbólica, também atendeu aos anseios da população, a favor do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que derrubou o decreto.
Para deixar claro, esses anseios foram repetidamente expressos não só pelo agro, mas também pela indústria, comércio, serviços e até pelo setor financeiro. É algo dito há meses: O brasileiro não aguenta mais pagar impostos!
Nesse cenário, alguém acha mesmo que há clima ou ambiente para o governo propor taxação de LCAs ou das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) que, por sinal, entregam recursos para um dos programas mais propagandeados pelo PT, o Minha Casa Minha Vida?
Pior, o que faz o governo? Contingenciamento. O Ministério da Agricultura e Pecuária bloqueou R$ 445,17 milhões do orçamento de 2025 destinado ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). O valor corresponde a quase metade (42%) do total previsto para este ano.
Enquanto a FPA trabalha com a senadora Tereza Cristina para aperfeiçoar os mecanismos de proteção ao produtor, vemos um bloqueio, antes do anúncio do Plano Safra, que deixa o setor descoberto. É mais um duro golpe contra o agro.
Por que o governo Lula insiste em dificultar tanto a vida do produtor rural? A ideologia ou a política de cooptação de grupos como MST não explica tudo. Parece haver uma necessidade patológica de jogar contra o desenvolvimento do setor que, hoje, garante nossa balança comercial e o crescimento do PIB.
Curiosamente, essa não é a pergunta que mais ouço de jornalistas. Eles querem saber “como anda a relação do agro com o governo”. Para essa, a resposta está tão evidente que chega a ser redundante.




