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Por meio do seu porta-voz, o mano Parmênides Dakebrada, o Primeiro Comando da Capital (PCC) negou qualquer fita com a tal da treta do metanol. As bebida adulterada já contaminou umas vinte pessoa, com cinco óbito confirmado e mais uns em observação. Dakebrada ainda deu a ideia de que o caso pode ter ligação com uns corre antigo da concorrência.
“O PCC é conhecido pela pureza da sua pedra e da coca. Qualquer tentativa de botar na nossa conta esse bagulho de metanol nas bebida aí é desrespeitar década de trampo pesado e experiência nos crime de verdade. Nóis jamais ia manchar o nome da firma na quebrada envenenando negroni ou corote”, disse Dakebrada. E, pra provar que o papo era reto, o maluco virou ali mesmo, de um gole só, uma garrafa de corote.
Átomo Loko
Na sequência, o Dakebrada deu lugar pro Vice do Setor de Adulteração Química da facção, o Valdeci Pinga-Fogo, vulgo Átomo Loko. “Tem uns vacilão querendo jogar essas morte nas nossa costa porque nóis é organizado”, mandou ele. “Mas o PCC não trampa com esse tipo de amadorismo químico, não. Nosso foco é droga pura, caixa eletrônico que estoura bonito, sequestro redondinho. Pra comunidade científica do PCC, quem mistura metanol na cachaça ou no McCallan tá pedindo pra ser preso. Por burrice e mau gosto etílico”, disse o parça.
Átomo Loko ainda deu a visão: o Comando jamais, nunca, de jeito nenhum, em hipótese alguma ia mexer numa parada que pudesse atingir autoridades amiga que curte uma pinga, caninha, branquinha, marvada, mé, danada, birita, seca-goela, tranqueira, soro da coragem, elixir de alambique... Enfim, aquela água que passarinho não bebe, mas que o molusco gosta, tá ligado?
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Compliance
Depois foi a vez do Uélinton “Truta” Monteforte Barreto, o Diretor de Compliance do PCC, subir no palco pra anunciar o novo Código de Conduta da Bandidagem. Segundo o executivo e executor da firma, o documento de 1533 página “vai modernizar o crime brasileiro e manter a tradição das antiga”. O texto proíbe na moral o uso de metanol em bebida, o roubo de celular de trabalhador e o sequestro de pet. “Nosso corre é crime com propósito, mano. Crime que não se confunde com o caos”, falou ele, com um didatismo (e um português) de dar inveja a ministro.
Perguntado sobre o futuro do mercado ilegal de bebidas, o Truta ficou de boa: “O brasileiro bebe qualquer parada, mas quer confiança. E confiança é o que o PCC entrega. Pode ser um trampo numa repartição, um posto de gasolina, um serviço na Faria Lima, um empréstimo e até a defesa institucional da democracia”, disse, mostrando o selo de Produto do Crime Responsável. O selo é uma tentativa da firma de diferenciar as bebida que os cara faz “com técnica e maestria” das que os aventureiro do CV mistura de qualquer jeito.
“Sem anistia!”
No fim do pronunciamento, o Dakebrada voltou pro microfone pra garantir que o PCC vai colar junto das autoridade. “Tamo ansioso pra esse momento: a volta dos diálogo cabuloso. Porque nóis respeita a lei. A nossa lei, mas a lei. Afinal, se não tiver um mínimo de ordem, o crime vira política, mano!”, concluiu ele, sob gritos de “É o Salve da Liderança! PJL!”. O que quer que isso signifique.
Depois o maluco meteu um boné azul com os dizeres “O BRASIL PARA OS BRASILEIROS”, montou numa moto sem placa e escapamento estourado, acelerou, deu grau e saiu cortando no meio da plateia, gritando “Sem anistia!”. “Finalmente uma instituição que funciona neste país”, comentou o jornas do meu lado. Ou um mendigo. Nunca dá pra saber.




