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Inversão de papéis e um novo modelo de parceria conjugal

A ascensão econômica, social e política das mulheres é notória. Elas vêm conquistando um espaço significativo junto aos homens a cada dia, no que se refere à igualdade de oportunidades no mercado de trabalho e a divisão de tarefas domésticas. No entanto, algumas de suas atitudes ainda se constituem como um desafio à identidade masculina. Isso acontece, por exemplo, quando a mulher passa a sustentar a casa e o marido se incumbe de administrá-la.

As barreiras ainda existem porque o homem tem dificuldade de delegar à mulher o papel de provedor. E os estudos comprovam que o homem contemporâneo se sente perdido ao lidar com as suas questões emocionais e com as mulheres.

Na ótica feminina, o insucesso profissional masculino continua sendo visto como um fracasso porque o trabalho é o pano de fundo da identidade masculina.

De um lado ela espera um companheiro bem sucedido profissionalmente, financeiramente, que seja sensível e um grande amante na cama. Quando está sozinha, a mulher mantém o ônus financeiro da casa. A partir do momento que se envolve numa parceria afetiva espera que o companheiro banque a maior parte dos compromissos financeiros. Quando isto não acontece se sente frustrada e constrangida.

Cada vez mais presentes em todos os campos do cotidiano produtivo, as mulheres ocupam cargos de destaque que eram tidos como exclusivamente masculinos.

Com a crise do desemprego e a ascensão profissional da mulher, a sociedade, que sempre estabeleceu papéis para cada um dos sexos, passa a incorporar um novo modelo de parceria conjugal. A mulher bem sucedida atuando no mercado de trabalho e o marido em casa administrando o lar.

Essa inversão de papéis costuma surpreender o próprio casal envolvido, assim como, invariavelmente, ainda causa uma certa estranheza na sociedade. Mesmo assim, muitos casais investem nesta forma de relacionamento e conseguem viver bem, sem permitir que se estabeleça um jogo de poder em função do comando financeiro da casa.

A idéia de ser a mulher que sai todo dia de manhã para o trabalho enquanto o homem fica em casa com as crianças não deixa de ser “estranha”. Ainda mais se o marido estiver vestindo pijama e for até a porta com uma criança no colo, entregar a bolsa para a esposa que está apressada para o trabalho.

Se os papéis são invertidos, o que será da relação tradicional entre os sexos? O dinheiro é poder e quando o trabalho da mulher é o ganha-pão da família, a mulher desafia a identidade do homem provedor do sustento. Um homem ambicioso terá dificuldades para viver com uma mulher financeiramente mais forte, principalmente, quando o casal tem filhos.

A inversão de papéis pode ocorrer por diversas razões e ser temporária ou não: situações em que o marido se aposentou, a mulher passou a ganhar muito mais do que ele, o companheiro perdeu o emprego e encontra dificuldade para voltar ao mercado de trabalho.

Raquel, 42 anos e Richard 47 anos, sabem bem o que representa perder o emprego.

Durante 20 anos Richard atuou como Controller em uma multinacional. Seu salário sempre foi acima da média. Há três anos ele foi despedido. Até hoje continua enviando currículo, no entanto, nada de concreto tem aparecido. A situação financeira começou a ficar complicada. De comum acordo combinaram que a empregada seria dispensada e ele assumiria o seu posto.

Limpar a casa, preparar o almoço e o jantar e, no final do dia, aguardar Raquel para saber das novidades do seu escritório de arquitetura. Eles sabem que é uma situação passageira, mas mesmo assim, alguns conhecidos ficam fazendo piadinhas sem graça.

Percebem que ainda existe muito preconceito, principalmente, por parte das mulheres que cresceram acostumadas a ver o homem como uma figura forte e provedora.

Casais que vivem a situação onde o homem é uma espécie de “esposa-marido” são unânimes em afirmar que os ganhos são imensos para a estrutura familiar quando entra em questão a educação dos filhos. Principalmente porque o homem vem evoluindo com muito sucesso na relação com a paternidade. Mesmo ainda encontrando dificuldades para assimilar tarefas como limpar o banheiro, tomar conta da cozinha e organizar a compra do supermercado tem homem que garante não sentir sua masculinidade diminuída pelo fato de não ser o responsável pelo sustento da casa.

Parece que demorou um pouco, mas acabou tendo uma compreensão mais clara de que quando as duas pessoas trabalham, as duas precisam ser “donas de casa” para dividir as tarefas. Pois, quando se trabalha o dia todo, o pouco tempo que se tem em casa vale ouro.

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