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Dólar
Real se desvaloriza 10% em relação ao dólar e é a pior moeda dentre todos os mercados emergentes| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Logo na introdução deste artigo quero ressaltar que nas casas de câmbio do Brasil o dólar turismo já ultrapassou os R$ 6 há algum tempo. No entanto, os contratos futuros de câmbio negociados no mercado financeiro ainda negociam abaixo dos R$ 5,80. Para ser mais exato, na última sexta-feira (26), o dólar fechou cotado a R$ 5,76. Importante entender o que ocorre por trás deste movimento de alta nos últimos dias (quando a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,45) ou desde meados de dezembro (quando estava em R$ 5).

No ano, o real se desvaloriza 10% em relação ao dólar e é a pior moeda dentre todos os mercados emergentes, atrás, inclusive, do peso argentino, da lira turca e das moedas da Colômbia, Polônia, Romênia, entre outros. Claro que para termos tamanha desvalorização e estar em uma posição nada favorável é necessário uma conjunção de fatores. Cito quatro:

  • a deterioração da economia em função da pandemia fora de controle no país;
  • a percepção de aumento de riscos com mercados emergentes nos últimos dias (em especial após a troca do presidente do Banco Central da Turquia);
  • a mensagem do Banco Central brasileiro enfatizando uma trajetória de juros mais gradual, que pode ser vista na ata do Comitê de Política Monetária (divulgada após a decisão de alta de 0,75% na Selic) e em declarações do presidente da instituição;
  • e, por fim, o orçamento de 2021 aprovado no Congresso Nacional trazendo novidades negativas, em especial pelas emendas parlamentares na forma de investimentos regionais.

Neste último ponto, fica evidente a pressão política e o pensamento nas eleições de 2022. Ademais, com esse gesto, o Congresso dá a entender ao mercado que existe uma intenção de criar uma nova forma de contabilidade criativa para burlar o teto de gastos, importante dispositivo votado na era Michel Temer para conter gastos excessivos do Governo.

Considerando o cenário, tenho enfatizado a necessidade de diversificação na carteira do pequeno investidor brasileiro. Não só porque agora o dólar atingiu este novo patamar, mas por conta de novas oportunidades que surgiram nos últimos meses e também pela falta de previsibilidade em relação à taxa de câmbio nos próximos meses.

Com todo o desenrolar político e visando as eleições de 2022, os Exchanged Traded Funds (ETFs), lançados na bolsa nacional de índices internacionais, devem cada vez mais entrar no radar de quem busca não apenas diversificação, mas também proteção para estes eventos. Outra modalidade possível aos que desejam seguir com investimentos arrojados em renda variável são os BDRs – títulos lastreados em ações estrangeiras – de companhias de todos os setores dos EUA e muitos da Europa e Ásia.

Importante que se tenha conhecimento da abertura comercial que a B3 vem proporcionando cada vez mais aos brasileiros. Até aqui já são poucas dezenas de ETFs e mais de 700 BDRs à disposição para serem negociados. Imagine ter ativos de renda fixa no Brasil e ainda compor sua carteira com ações do Google, Microsoft, Tesla, entre outros e também estar alocado no principal índice da bolsa chinesa? Não que você tenha necessidade de ter seu dinheiro especificamente nestes papéis, mas agora existe possibilidade, diferente do que ocorria pouco mais de um ano atrás.

Enfim, pense nessa nova realidade do câmbio e do caminho para proporcionar cada vez mais retornos consistentes e com riscos minimizados na sua carteira de investimentos.

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