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Poupança
| Foto: Bigstock

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, mais uma vez, cortar a taxa de juros, a Selic, que agora está em 4,25% ao ano, se tornando a menor da história no país. E por essa razão, estamos aqui para falar do quão ruim ficou a situação daqueles que ainda permanecem com recursos na pior aplicação financeira do país. Colocando os pingos nos “is”: com a Selic se mantendo neste patamar, a poupança a partir de agora passa a render 2,98% ao ano. Vale lembrar que a rentabilidade desta aplicação é referente a 70% da taxa desde 2012, contanto que os juros estejam abaixo de 8,5% ao ano. Já a inflação medida pelo IPCA, segundo dados do Boletim Focus do Banco Central desta segunda-feira (10), sugere que o indicador encerre em 3,25% em 2020. Ou seja, quem seguir com dinheiro na tradicional poupança deverá ver seus rendimentos serem inferiores à inflação no ano. Como a expectativa é de que taxa de juros se mantenha neste patamar nos próximos meses, o resultado negativo fica ainda mais evidente.

Os principais investimentos comparados a poupança costumam ser aqueles mais conservadores e com possibilidade de resgate imediato ou em até 2 ou 3 dias. Isso é o que chamamos de liquidez de curto prazo. Nele se englobam ativos como Tesouro Selic, CDBs e Fundos de Investimento. Se fizermos uma simulação com R$10 mil para recursos a serem utilizados em um ano usando como parâmetros a Selic e o IPCA, citados acima, somados a um fundo DI com taxa de administração de 1% ao ano e CDB que pague 105% do CDI no período, teríamos os seguintes resultados já descontando custos e impostos: Tesouro Selic com 3,18%, ou R$ 318,19 de retorno; poupança 2,7% (a contar a necessidade de resgate da data de “mêsversário”); Fundo DI com 2,55% (mostrando que a taxa de administração de um fundo conservador faz diferença no resultado da aplicação independentemente do prazo); e o CDB apresentando o maior retorno entre todos, com 3,58%.

Se alterarmos o prazo de resgate para 3 meses, a única diferença seria a poupança apresentando a pior rentabilidade no período ante o CDB como o melhor. E se levarmos para um prazo mais longo, como cerca de 3 anos, considerando os indicadores estáveis nos parâmetros citados acima? Poderíamos inclusive buscar um CDB com retorno maior, de cerca de 120% no período, o que seria bem factível. Os resultados seriam o CDB com rentabilidade acima de 13%, sendo a melhor dentre todas as alternativas, enquanto a poupança apresentaria retorno abaixo de 9% no mesmo período. Claro que os números acima indicam apenas resultados derivados de simulações e, em um período um pouco mais longo (como 3 anos), podemos ver mudanças de cenário à frente.

Mesmo com esse momento desfavorável, 65% das pessoas que guardam dinheiro ainda escolheram a poupança para fazê-lo, como aponta pesquisa realizada no ano passado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O mesmo estudo apontou o medo e o hábito como principais justificativas para a decisão. No entanto, o documento não indicava se estas mesmas pessoas deixavam este dinheiro como reserva de emergência ou investimento.

Já o Banco Central divulgou em 2019 que quase 3 milhões de pessoas tinham entre R$ 50 mil e R$ 300 mil guardados na poupança, e que consideravam utilizar o montante aplicado no curto prazo. Ainda segundo a instituição, mais de 165 mil pessoas tinham entre R$ 300 mil a R$ 1 milhão aplicados nesta modalidade, o equivalente a um volume próximo de R$ 80 bilhões. Considerando todos os recursos aplicados na poupança, o valor total no fechamento de 2019 foi de R$ 845,5 bilhões. Considerando que toda essa quantia esteja dentro das novas regras, o que não acredito, o retorno financeiro seria de pouco mais de R$ 25 bilhões em um ano. Se este mesmo valor estivesse aplicado a 100% do CDI, por exemplo, em valores brutos, o resultado seria acima de R$ 35 bilhões: R$ 10 bilhões a mais para investir ou consumir.

Sendo assim fica claro que os investidores ganhariam mais aplicando em outras modalidades, a economia poderia gerar mais consumo e, portanto, emprego. Com isso, o Governo arrecadaria mais impostos. Chega de falar dessa modalidade em que poucos saem ganhando. Temos que enterrar de vez o mau uso dos recursos financeiros do brasileiro.

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