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Richa e Doria
Beto Richa recebeu João Doria em evento para militantes do PSDB| Foto: Divulgação / João Doria

O evento de divulgação da candidatura do governador de São Paulo, João Doria, às prévias do PSDB à Presidência da República em Curitiba marcou o retorno do ex-governador Beto Richa (PSDB) aos palanques políticos. Falando para cerca de 250 militantes tucanos, Richa diz ter feito o primeiro pronunciamento em público dos últimos três anos neste sábado. No palanque, o ex-governador se disse traído e injustiçado e afirmou estar firme para defender sua honra e seguir adiante.

Beto Richa deixou a vida pública depois de ter sido derrotado nas eleições para o Senado em 2018. No meio da campanha, em que liderava as pesquisas de intenção de voto, o ex-governador (que renunciou ao segundo mandato em abril daquele ano para poder concorrer) foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Rádio Patrulha. Desde então, foi envolvido em outras três grandes operações no âmbito estadual e federal: Quadro Negro, Integração e Piloto – as duas últimas, desdobramentos da Lava Jato. Desde então, o ex-governador tem evitado aparições públicas, entrevistas e discursos políticos, exceção que abriu por ocasião da visita de Doria ao Paraná.

Em seu discurso, na manhã deste sábado, Richa atribuiu sua derrocada a aliados que o teriam traído assim que ele deixou o governo, afirmou que foi vítima de abuso de poder por parte da Justiça.  “Depois que eu saí do poder, aqueles que mais me elogiavam enterraram uma faca nas minhas costas. Fui injustiçado. E tenho até orgulho de ser citado seguidamente pelos maiores juristas do Brasil como exemplo e símbolo de perseguição em todo o país. E a verdade está vindo à tona”, declarou. “Disso eu não abro mão: defender a minha honra. A gente demora uma vida para construir uma reputação e não aceito que meia dúzia de desqualificados apontem o dedo sujo na minha cara”, acrescentou.

Na saída do palco, Richa, que também vem evitando entrevistas desde 2018, respondeu rapidamente a três perguntas da coluna: sobre seus processos, afirmou que as anulações e revisões, por instâncias superiores, de várias decisões contra políticos no período em que acabou preso “revelam os excessos, abusos e injustiças que foram cometidos” e afirmou que tais constatações já estão acontecendo, também, nos casos em que é réu ou investigado. “E eu nunca duvidei disso. Não existe nenhum elemento que pudesse, minimamente, levar ao que fizeram comigo”, afirmou.

Sobre a reconstrução de sua carreira política (o ex-governador foi tratado como o grande líder do PSDB do Paraná por deputados e prefeitos presentes no encontro) e é cotado para disputar a eleição para deputado federal no ano que vem, Richa afirmou que “eu não estou reconstruindo nada, estou quieto, pessoal que está pressionando para eu voltar, mas eu não sei não”. Já sobre o apoio do PSDB do Paraná a Doria nas prévias do partido, ele, assumindo o papel de protagonista do partido no estado, disse que a legenda “está inclinada a isso, mas democraticamente, o PSDB está aberto a receber todos os pré-candidatos”.

Correligionários fazem desagravo a Beto Richa

O evento era para a divulgação da candidatura de Doria às prévias nacionais do PSDB, que acontecem em novembro, mas todos os tucanos paranaenses que discursaram antes do governador de São Paulo exaltaram Beto Richa. Os mais entusiasmados foram o prefeito de Francisco Beltrão, Cleber Fontana, que pediu para que todos se levantassem para aplaudir a "retomada e volta triunfal do nosso governador", e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano, que disse "saber o quanto (Beto Richa) foi injustiçado, mas ter certeza que volta à vida política, no cargo que escolher e com um exército leal para lhe eleger".

Questionado pela coluna se estar sendo recebido por Beto Richa não o aproxima de uma ala do PSDB que ele enfrentou para conseguir se viabilizar em São Paulo, Doria disse respeitar e confiar em Beto Richa e destacou ser amigo pessoal do ex-governador. "Não há nem velho nem novo PSDB. Há um único partido. O ex-governador Beto Richa enfrenta e defende-se de acusações, mas ele não foi julgado, não foi culpado. Então, ele tem o meu respeito e, por isso, estou aqui ao lado dele. Além disso, ele é meu amigo pessoal, assim como o pai dele foi amigo pessoal do meu pai. E eu não abandono meus amigos".

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