Nascida em Atlanta, Geórgia, em 1886, a Coca-Cola chegou informalmente ao Brasil. E era difícil de engolir. Há muitas histórias sobre isso, uma delas resgatada pela Revista Fiat, edição agosto/setembro do ano passado. Numa fazenda de Ribeirão Preto, em 1948, a bebida escura, logo chamada de “veneninho”, causou espanto. Sem gelo, não tinha a menor graça. Acostumada a beber água e leite, a garotada fazia cara feia.
Mas ali surgiria “a fábrica de refrigerante mais bonita do mundo”, como escreve o jornalista Oliviero Pluviano na reportagem Pietro Biagi, o italiano que ajudou a construir a região mais rica do Brasil.
Uma história de sucesso
Voltando à Coca-Cola: Maurílio Biagi, filho de Pietro e pai de Maurilinho Biagi, “foi protagonista de uma história de sucesso com a Coca-Cola há 65 anos, quando Pietro ainda estava vivo e ativo”, informa Pluviano. Breves trechos de seu texto, passando a palavra a Maurilinho:
– Lembro que em uma noite de 1948, meu pai chegou à fazenda Santa Elisa, onde morávamos, com uma caixa de Coca-Cola. “Era uma bebida escura, que parecia xarope. Ele a colocou sobre a mesa e disse que daquele momento em diante fabricaria esse ‘veneninho’ em Ribeirão Preto. Acrescentou que aquelas pessoas vindas de Atlanta haviam assegurado que a bebida teria um futuro grandioso. Nós, crianças, engolimos aquela novidade líquida sem saber que a Coca sem gelo não tinha a menor graça. Na fazenda, estávamos acostumados a beber água, leite e nada mais. O que era aquela beberagem estranha? Permanecia um mistério”.
A salvadora tampinha com prêmio
– Com oito amigos, Maurílio fundou a Refrescos Ipiranga. Nos primeiros dez anos, o negócio deu prejuízo e assim todos os sócios, e até os irmãos dele, se retiraram da estranha aventura. Maurílio, teimoso, ficou no leme da fábrica bancando todas as perdas, até que, em 1954, começou a recuperação graças à campanha das tampinhas que ofereciam outra bebida de graça ao felizardo ganhador. Desde então, a expansão das vendas não parou mais.
A fábrica mais bonita do mundo
– Nos anos 1970, o presidente mundial da Coca-Cola, Robert Woodruff, tinha visitado a fábrica. Elogiou a estrutura, mas, sem querer ofender, disse que a fábrica era “a instalação menos bonita que ele possuía”. Maurílio ficou surpreso e apostou com o presidente que em poucos anos construiria a fábrica de refrigerante mais bonita do mundo. E mandou imediatamente seus funcionários em viagem pelo planeta para ver o que havia de melhor e mais avançado nesse tipo de fábrica.
– Em 1979, a nova fábrica foi inaugurada por mim, porque meu pai morrera repentinamente alguns meses antes. Ganhamos a aposta: era a mais bonita do mundo e hoje a instalação de Ribeirão Preto é uma das maiores do Brasil, destaca com orgulho o neto de Pietro Biagi.
ENQUANTO ISSO…
