
Quem canta seus males espanta. É o que reza o ditado, mas o professor Afronsius levantou uma questão:
– Cantando mal também se espanta?
Natureza Morta não soube responder, mas demonstrou interesse no assunto: qual a razão da pergunta?
– É que eu tenho um novo vizinho. Antigamente, o cabôco acordava cedo e ligava o rádio. Janelas abertas, todo mundo era forçado a ouvir. Não é o caso. Ele, meu vizinho, adora cantar. Músicas sertanejas. E a todo volume, o máximo que as cordas vocais possam permitir.
“Alvorada festiva”
Prosseguindo com a sessão lamúria, no dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, o professor Afronsius disse que não tem nada contra a música caipira, ou, como dizem agora, para parecer chique, sertanejo universitário.
– É que o cidadão canta mal mesmo. No tempo da Buzina do Chacrinha, seria buzinado de imediato.
Pior ainda: permite-se ao assassinato de clássicos como “No Rancho Fundo”.
Aí, o solitário da Vila Piroquinha concordou, saindo em defesa da música de Ary Barroso, composta em 1931, com versos de J. Carlos. Era para o musical “É do Balacobaco”. Detalhe: levava o nome “Na Grota Funda”.
Lamartine Babo, o seu Lalá, gostou tanto que se ofereceu para fazer outros versos e mudar o título. Operação concluída com sucesso, até porque fez com que surgisse a parceria Lamartine Babo/Ary Barroso.
Do que se trata?
Como sempre pega o bonde andando, quando não recado na escada, Beronha foi informado sobre o assunto em pauta. Tratou de ir direto ao ponto: afinal, quem canta – bem ou mal – seus males espanta?
Natureza recorreu ao Blog da Saúde, que garante: cantar faz bem à saúde física e emocional.
“Soltar a voz no microfone não é apenas uma das formas de expressão mais antigas do ser humano. Pode curar muitos males, garantem especialistas, recomendando a prática do canto com regularidade”.
Isso porque cantar “equilibra o sistema neurovegetativo e reforça a atividade dos nervos parassimpáticos, responsáveis pelo relaxamento do corpo. Gera harmonia psíquica e fortalece o sistema imunológico, importantes no combate de problemas como os transtornos do sono e as doenças circulatórias”.
Após uma pausa, o professor Afronsius jogou a toalha.
– Só espero que a prática também traga o benefício de uma sensível melhora da cantoria do vizinho.
Beronha, nosso anti-herói de plantão, aproveitou:
– Comigo não tem problema nem peripatético ou parassimpático. É só rock pauleira…
ENQUANTO ISSO…




