Vivendo e aprendendo. Ou, por outra, lendo e aprendendo. Depois de se declarar seguidamente “do tempo do Onça”, só agora o professor Afronsius ficou sabendo a origem da expressão. É que, devorando, no bom sentido, o número de novembro da excelente Revista de História da Biblioteca Nacional, matou a charada.
– Matou a charada? Essa também é do tempo do Onça – cutucou Natureza Morta, com vara curta.
“Todos roubam nesta terra”
Está lá, no Almanaque da Revista de História da Biblioteca Nacional: o Onça chamava-se Luís Vahia Monteiro. Foi governador do Rio de Janeiro, nomeado em 24 de novembro de 1724. O motivo do apelido: “A brabeza que ele exibia durante seu governo e em referência ao animal mais temido no interior do Brasil. Sendo a onça o mais feroz predador de nossa fauna, era também o governador a mais temida autoridade da capitania”.
Revela ainda a revista que Vahia Monteiro “ficou famoso por sua perseguição aos ladrões de todos os tipos e níveis sociais. Pela rudeza no trato com os outros, incluem-se entre seus irreconciliáveis desafetos a Câmara, os jesuítas e a maior parte do clero regular e secular”.
Em uma carta ao rei, em tom de desespero, desabafou:
– Senhor, nesta terra todos roubam, só eu não roubo.
Um “asilo muito louco”
Depois de enlouquecer e ser afastado do cargo, o governador virou “sinônimo de perverso perseguidor, principalmente dos seus contemporâneos que se lembravam dos feitos da época do Onça”. Com o tempo, finaliza a nota da RHBN, seu apelido ganhou o sentido de algo antigo, remoto, inspirando uma frase popular: “Isso é do tempo do Onça”.
Beronha, que ouviu atentamente a conversa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, não resistiu e meteu a colher (meteu a colher? essa também é do tempo do Onça):
– Viram só? Combater a gatarada neste país deixa qualquer um maluco. Não é de hoje. Vem desde o tempo do tal do senhor Onça – sentenciou nosso anti-herói de plantão.
ENQUANTO ISSO…
