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Joelho de Vidro, o craque

No dito país do futebol, sobram jogadores, cartolas e cornetas, mas são poucos os filmes dedicados à bola. Tirando o Canal 100, criado em 1957 por Carlos Niemeyer, e documentários como Subterrâneos do Futebol, 1965, de Maurice Capovilla (fotografia de Thomaz Farkas e Armando Barreto; chefia de produção de Vladimir Herzog, ele mesmo), quem cita de memória um longa-metragem dedicado ao tema?

O filme de Capovilla, inclusive, foi premiado no Festival de Filmes Esportivos da Itália, 1967, e recebeu Menção Especial no VIII Festival de Cinema dos Povos, Florença, Itália.

Desta vez, final feliz

Voltando à pergunta: três anos depois da debacle no Maracanã, uma produção recorria ao Corinthians para “lavar a honra” da seleção brasileira e, mesmo com um mocinho de nome Julinho “Joelho de Vidro” e um time paraguaio como adversário, há um final para muitas comemorações. Por trás das câmeras (como se diria mais tarde) de O Craque, um timaço: de Eva Vilma, Roberto Santos e Hélio Silva a Guerra Peixe e Alberto Dines. Mas, apesar de sua importância, a fita foi condenada a um fim inglório. O que restou são pequenos trechos em VHS, salvos da deterioração do celulóide.

Um grupo nota 10

Preto e branco, por supuesto, produção de Mário Civelli, direção de José Carlos Burle (Multifilmes, distribuição UCB – União Cinematográfica Brasileira), O Craque era um timão já na ficha técnica: direção de produção, Rafael de Oliveira; assistente de direção, Roberto Santos; argumento, Hélio Thys; roteiro, Alberto Dines, Saul Lachtermacher e José Carlos Burle; diálogos, Saul Lachtermacher; fotografia, Ruy Santos; câmera: Ronaldo e Hélio Silva (este também de Lance Maior, Sylvio Back, 1968); cenografia, Teresa Nicolau; montagem, Gino Talamo; assistente de montagem, Carla Civelli; sonografia, George Montiel; música, Guerra Peixe.

Elenco: Carlos Alberto, Eva Wilma, Herval Rossano, Liana Duval, José Carlos Burle, Elísio Albuquerque, Lima Neto, Valéry Martins, Américo Taricano, Blota Júnior, Inezita Barroso, Noêmia Fredo, Amaro César, Antônio Amaral, Cavagnole Neto, Jota Rodrigues, Nestório Lips, Paulo Ruschel, Ibáñez Filho e os Jogadores do Corinthians Baltazar, Carbone, Cláudio, Gilmar, Índio, Luizinho, Olavo e Roberto.

Sinopse: Julinho Joelho de Vidro (Carlos Alberto), assim chamado devido a uma queda sofrida na infância, é jogador. O pai de Elisa (Eva Wilma), um rico industrial, não aceita o namoro, posto que se trata de um boleiro. Pressiona a filha a ficar noiva do jovem médico Mário (Herval Rossano).

História verdadeira

O time que aparece na tela foi um dos mais importantes da história do Corinthians, como conta matéria de Laura Mattos, Eduardo Arruda e Malu Toledo, na Ilustrada, Folha de S. Paulo, março de 2008. Conquistou o título do 4.º Centenário de São Paulo (1954). Contava com o goleiro Gilmar e craques como Baltazar, Cláudio e Carbone. O filme termina com a vitória corintiana (de virada), sobre o Club Olimpia, do Paraguai. Mas, na mistura de ficção e realidade, o triunfo é mostrado como uma revanche, uma resposta à derrota da Seleção Brasileira na Copa de 50, no Maracanã. Ou seja, o Olimpia é transformado num “temido time uruguaio”. E Julinho, ao substituir Carbone, se consagra ao fazer o gol da vitória – e beijar a mocinha. Adeus ao fantasma do joelho de vidro.

Coisas até hoje próprias do cinema.

Ainda da Ilustrada, outros toques de cinema-verdade: cenas de ruas de São Paulo com poucos carros, passeios de barco pelas “águas cristalinas do Tietê”, namorados apreciando as margens floridas. O Estádio do Pacaembu, no meio de um descampado, pouquíssimos prédios em volta, tem a presença damas com belos vestidos e cavalheiros de terno e gravata, enquanto jogadores do Corinthians posam para uma foto com a concha acústica ao fundo.

The end. Ou melhor, Fim.

ENQUANTO ISSO…

8 junho (1)

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