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O “rival” de Darwin

Um dos espetáculos do Festival de Teatro de Curitiba, a peça Darwin levou Natureza Morta a acionar a seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, para alimentar o dedo de prosa com o professor Afronsius.
O vizinho de cerca (viva) não tinha conhecimento de uma matéria que saiu na edição de setembro de 2010 da revista Pesquisa, da Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. O texto é de Carlos Haag e aborda “as fotos secretas do professor Agassiz”, tema de exposição e livro, “trazendo à luz imagens polêmicas feitas por rival de Darwin”.

“Efeitos perniciosos”

Zoólogo suíço, Louis Agassiz (1807-1873) escreveu A journey to Brazil (1867), sobre o resultado de sua vinda ao país com a Expedição Thayer. Como informa Haag, escreveu a quatro mãos, com a mulher, a americana Elizabeth Cary.
Diz o gênio que “aqueles que põem em dúvida os efeitos perniciosos da mistura de raça e são levados por falsa filantropia a romper todas as barreiras colocadas entre elas deveriam vir ao Brasil”.
A viagem começou no Rio de Janeiro e se estendeu ao Amazonas. Agassiz, professor da Lawrence School, ramo da Universidade Harvard, e fundador do Museu de Zoologia Comparada da mesma universidade, “era o mais notável e popular cientista da América do Norte, defensor do criacionismo, do poligenismo, adepto da teoria da degeneração das raças e um opositor feroz do evolucionismo”.
Com a publicação de A Origem das Espécies (1859), de Charles Darwin, no entanto, “seu prestígio passou a ser questionado por jovens naturalistas americanos que rejeitavam suas interpretações teológicas e racistas”.
O professor Afronsius pede um aparte para citar um personagem do livro O Púcaro Búlgaro, de Campos de Carvalho. O professor Radamés. Ele sempre bradava:
– Todo o racista é um fdp!
Voltando à matéria da Pesquisa Fapesp. Na visita a um “paraíso racialista”, Agassiz tratou de recolher “provas materiais” da “degeneração racial” provocada pelo “mulatismo”. O resultado foi uma série de 200 imagens, conservadas no Museu Peabody de Harvard, “em sua maioria inéditas devido ao seu conteúdo polêmico: retratos nus da população africana do Rio e dos tipos mestiços de Manaus”.

Ciência do visível

“A antropologia havia se transformado, naquela época, na ciência do visível, do corpo físico com suas marcas de distinção racial e, assim, as representações visuais eram cruciais”, diz a professora Maria Helena Machado, do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP).
Ou seja, “ele coleta dados para provar uma teoria em vez de observar esses dados para desenvolver uma teoria”.
Depois de descer o pau no tal de Agassiz – e nos racistas em geral -, a dupla encerrou o papo. Com a promessa do solitário da Vila Piroquinha: emprestar o seu exemplar da revista ao professor Afronsius.
Para os demais interessados, é só ir ao site http://www.revistapesquisa2.fapesp.br
– Ou fazer uma assinatura. Essa eu recomendo – garantiu Natureza.

Pegadinhas beronhísticas

Parece que o nosso anti-herói de plantão gostou da brincadeira. Voltou a testar os conhecimentos da dupla, ou parelha, como costuma dizer. Disfarçadamente, Beronha tirou um pequeno papel do bolso e lançou o repto:
– O que é argênteo?
E antecipou-se a qualquer resposta:
– Argênteo: do latim argenteu – da cor da prata; serve também para designar argentino.
Meteu o papelzinho de volta no bolso e se mandou da mansão da Vila Piroquinha. Ao dobrar a esquina, deu para ouvir:
– Cambada de incultos!

ENQUANTO ISSO…


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