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O suado trabalho alheio

A cena é mais que comum. Alguém trabalhando, uma, duas ou três pessoas observando. Os chamados curiosos. Formam grupos e/ou grupelhos por qualquer motivo: alguém suando para trocar o pneu, alguém descarregando bujões de gás ou engradados de cerveja na frente de um bar. Neste caso, o comentário é sempre o mesmo:
– Cuidado, todo o cuidado com a criança
Acidentes de trânsito, então, atraem curiosos e mais curiosos. Só para “ver de perto”, geralmente atrapalhando o trabalho das bravas e eficientes equipes do Siate e do Samu.
Vai daí que o professor Afronsius segredou para Natureza Morta que sempre teve uma suspeita: foi desse velho hábito, não ajudar, apenas ficar de butuca, que surgiu o taylorismo.
O solitário da Vila Piroquinha concordou. Afinal, reza o dito popular que quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro. E o cara que não fazia nada, o tempo inteiro, acabou milionário ao inventar o banco de horas.

Trabalho de observar o trabalho

Acionada a Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, ficamos sabendo que engenheiro americano Frederick W. Taylor (1856-1915) teve o estalo ao observar o trabalho alheio.
– Ah, ele vivia só urubusservando… – comemorou Beronha, um notório urubusservador dos outros trabalhando.
Retornando à “linha de produção”: ao acompanhar, de uma prudente distância, um grupo que descarregava madeira, notou que, devido à falta de organização, alguns empregados tinham sobrecarga de trabalho e outros eram mal aproveitados. O desperdício de tempo era grande. E como tinha plena noção de que tempo é dinheiro…

É, tempo é dinheiro

Com seu trabalho (intelectual) surgiu o chamado Taylorismo, concepção de produção baseada em um método científico de organização do trabalho. A partir daí, o trabalho industrial foi fragmentado: cada trabalhador passou a exercer uma atividade específica. Com a organização hierarquizada e sistematizada, o tempo de produção passou a ser cronometrado.
Muito ao contrário da turma que descarregava madeira

Chaplin entra em cena

Ao acabar com qualquer desperdício de tempo, o tempo também passou a ser uma mercadoria.
O filme “Tempos Modernos”, 1936, de Charles Chaplin, mostra bem isso – o trabalhador efetuando movimentos mecânicos, repetitivos e bem elementares, seguindo o ritmo imposto pelas máquinas e por quem as comandava. Com a cronometragem dos movimentos, os trabalhadores “otimizavam” o próprio tempo – e a produção.
Beronha, que a tudo observava, encerrou o expediente antes do apito da fábrica:
– Vou indo. Estou muito, deveras cansado – justificou nosso anti-herói de plantão.

ENQUANTO ISSO…


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