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Sergio Moro

Sergio Moro

Segurança pública

Chega de bandidos

rio de janeiro operação policial
Policiais do Rio de Janeiro levam suspeitos presos durante operação contra o Comando Vermelho. (Foto: Antônio Lacerda/EFE)

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A segurança pública voltou com força ao topo da agenda nacional com a Operação Contenção, no Rio de Janeiro. O Brasil assistiu, estarrecido, a cenas de guerra urbana quando a polícia daquele estado encontrou forte resistência de criminosos do Comando Vermelho. Drones despejaram bombas nos policiais. Os bandidos utilizaram fuzis e armas automáticas contra a polícia. Quatro policiais foram assassinados pelos bandidos e 117 suspeitos foram mortos pela polícia.

Não há o que comemorar com esses números, especialmente com os policiais assassinados. O cenário de guerra ilustra a escalada do crime organizado no país. Não é só no Rio de Janeiro. Li, no fim de semana, notícias de que, no Ceará, o crime organizado teria expulsado moradores em 49 bairros de Fortaleza. Parcelas significativas do território nacional estão sob o domínio do crime organizado.

Lula padece do “coitadismo penal”: o criminoso é uma vítima da sociedade perversa e o crime, uma prática que deve ser relevada

Enquanto isso, o governo Lula permanece omisso, com ação insuficiente. Não se conhece nenhum projeto de ação mais concreta de sua parte para enfrentar sistematicamente o problema. Negou auxílio ao governo do Rio de Janeiro quando lhe foi solicitado apoio ou equipamentos. Só depois da operação, finalmente esboçou uma reação. Lula sancionou projeto de lei de minha autoria, que protege os agentes da lei contra atentados ou conspiração para a sua prática por parte do crime organizado, dando origem à Lei 15.245/2025. Enviou, ainda, ao Congresso o projeto de Lei Antifacção, que há meses se encontrava em discussão no Ministério da Justiça. O projeto tem defeitos, mas não deixa de representar um avanço em relação à apatia do governo Lula no tema da segurança pública.

Ainda assim, falta, além de ações mais contundentes, um discurso compatível. Lula, em um golpe de azar, declarou, dias antes do conflito no Rio, que “traficantes são vítimas dos usuários”, em uma inversão de valores que ressoa a personalidade de Lula. Desculpou-se depois, mas o estrago estava feito. Lula não cometeu uma gafe; ele realmente pensa assim porque padece do “coitadismo penal”: o criminoso é uma vítima da sociedade perversa e o crime, uma prática que deve ser relevada. Por isso a omissão em relação ao crime organizado. Por isso a defesa sem qualquer vergonha da impunidade, dos condenados do mensalão e dos ladrões da Petrobras. A teoria do coitadismo penal só não vale para os adversários políticos, o que explica a pena de 14 anos contra a Débora do batom e o rigor extremado para os manifestantes do 8 de janeiro.

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Não é só Lula, infelizmente. Parte da intelectualidade brasileira, da academia, de grupos como o Prerrogativas, pensa da mesma forma. Há muito tempo desisti de levar essa gente a sério, pois a hipocrisia revela as intenções escondidas. Deste governo e desse pessoal não virá qualquer solução para a segurança pública. A natureza impede. A única saída é combatê-los. Chega de bandidos. Chega de amigos de bandidos.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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