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Che: entre a boina e a camiseta, fique pelado

Divulgação
Benicio Del Toro vive Che, mesmo sem saber quem ele é

Steven Soderbergh tenta, mas não consegue. O mesmo cara que se aventura a refilmar Tarkovski coloca as contas a pagar como prioridade e erra feio ao fazer bobagens como Onze homens e um segredo, Doze homens e outro segredo, Treze homens e um novo segredo e Quatorze homens e mais algum segredo insignificante qualquer.

Parece-me explícitas as alternâncias que o diretor implica à carreira ao mesclar filmes “sérios” e “comerciais”, por mais arrogante que esta classificação possa ser. Com Che, que deve estrear em alguns dias em Curitiba, fiquei na dúvida qual era o objetivo dele, mesmo sem ter alcançado nenhum.

O filme, como o leitor deve ter imaginado, narra as desventuras de Ernesto Che Guevara desde Cuba até a Bolívia. É uma espécie de continuação de Diários de Motocicleta, de Walter Salles, e mais um produto cultural para consolidar a boa imagem do melhor ministro da Indústria que Cuba já teve. O personagem central é tão profundo quanto uma piscina infantil. E ainda usa boias. Constrangedor o resultado.

Soderbergh não quis fazer uma cinebiografia. Se tentou, falhou. Ele escolheu apenas o lado das camisetas para desenvolver. Ok, um filme não precisa respeitar a história. Só que, como narrativa cinematográfica, o filme, que foi dividido em duas partes, é, com bom humor que não me é peculiar, medíocre.

Na primeira parte, o diretor mostra como Che conheceu Fidel Castro no México, a formação dos guerrilheiros, o refúgio na Serra Maestra e a quase tomada de Havana. Tudo isso entrecortado pelo discurso errático do argentino na ONU, em 1964. Uma das poucas coisas que se pode tirar deste trecho é o desdém de Fidel. O comandante sempre parece estar pronto para escantear Che.

Após um hiato que se cala sobre o tempo em que Che assumiu diversas funções no governo e decretou a morte sumária de várias pessoas, a segunda parte começa com a ida do protagonista para terras bolivianas. A passagem do Congo é apenas citada. Ernesto é retratado de forma cadavérica, lutando contra algo que nem ele sabe mais qual é. Segundo se divulgou durante os trabalhos de pós-finalização de Che, Fidel teria se emocionado com o longa. O que torna a retratação do “heroi” nem um pouco confiável.

Há coisa boa, contudo, no trabalho de Soderbergh. Para divulgar o filme, Benicio Del Toro enfrentou aquelas séries de entrevistas pelo mundo afora. A entrevistadora Marlen Gonzalez foi um pouco além do puxa-saquismo costumaz e fez uma sequência de perguntas que deixou Toro numa longa pausa dramática. Confiram:

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