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Uma outra vida, um outro planeta, um tempo de percepções alteradas

Meu amigo Ruy Dikram Steffen postou um vídeo no Facebook que me trouxe boas recordações. Me deu um estalo na memória. O vídeo é da The Allman Brothers Band, tocando ao vivo para um programa no Fillmore East em Nova York. Mistura de rock com jazz e psicodelia. Convido você a ouvirem o som enquanto leem as reminiscências que esta música me provocou e que vão logo abaixo:

Um som vindo de uma outra vida, um outro planeta, um outro tempo, tempo de percepções alteradas, uma outra consistência, de consciências e inconsciências coletivas, de atividades e inatividades integradas; de expansão temporal e retração do universo, quando tudo era mais próximo, mais vivo, mais unido. Enfim um som que ouvi na juventude e me ensinou caminhos musicais que por vezes eu me esqueço que trilhei e de surpresa me reencontro nele. E compartilho com vocês de todas as idades.

No mesmo tempo em que ouvia isso, eu lia pela primeira vez um poema que começava assim:

“Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquerr coisa,
“hipsters”
(nota minha: nessa época tinha uma outra conotação que difere um pouco da atual, referia-se à geração beatnik, que depois originou o diminutivo hippie) com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite…“.

É o clássico “Uivo”, de Allen Ginsberg. Recomendo-o e recomendo também o belo filme que fizeram contando a história de como esse poema foi importante na luta pela liberdade de expressão nos Estados Unidos. O filme é de Robert Epstein (veja aqui: http://www.imdb.com/title/tt1049402) e mostra que o poema sofreu censura e o editor (ninguém menos do que o também poeta Lawrence Ferlinghetti) foi levado aos tribunais acusado de divulgador de obcenidades. Ferlinghetti chegou a ser detido, mas ele e o livro foram liberados por decisão da Suprema Corte americana.

O Allman Brothers, apesar de morte, defecções e desintegrações temporárias, existe até hoje e está fazendo turnê de despedida de fim de tudo, justamente neste 2014. Será?

Fiquem com mais The Allman Brothers Band e bom fim de semana:

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