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É hora de retornar às atividades presenciais?
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Não chegamos ainda ao mundo pós-pandemia, contudo vive-se inevitavelmente um momento de retomada de atividades econômicas e comerciais presenciais em praticamente todo o Brasil. Com isso, o home office, que tanto falamos desde o final do primeiro semestre deste ano, passará agora por momento delicado. O que veio para ficar e o que dá para manter em casa e o que efetivamente não dá para fazer remotamente. Esse é o quebra-cabeça que as empresas terão que montar nos próximos meses.

Apesar de ser uma ideia muito boa, o trabalho a distância hoje tem muitos ‘adversários’ a enfrentar. O primeiro deles é a legislação. Tomemos como exemplo as questões de banco de horas de trabalho remoto durante a pandemia que estavam regulamentados na medida provisória 927, publicada em março e que agora, final de julho, perdeu validade, trazendo insegurança jurídica ao empresário e ao próprio colaborador, jogando contra a evolução de atividades a distância.

Outro ponto a se considerar é que, por natureza, a mentalidade das organizações brasileiras é de ver seus subordinados, suas equipes, debaixo de suas asas. Uma espécie de controle das pessoas com a presença física, onde mais vale estar presente, ao resultado que se espera daquele profissional no processo. A ideia que se tem dentro de muitas empresas é que, se o colaborador não está ali, ele está solto demais, mesmo que em alguns casos essa pessoa possa estar trabalhando muito mais em casa do que se estivesse nas instalações da companhia. Por isso há uma necessidade velada de se ‘fiscalizar’ o empregado.

O que vai prevalecer neste futuro próximo? Apostaria em uma evolução no home office, mas não em uma debandada geral. Alguns profissionais têm me perguntado: “Bernt, mas sou obrigado a voltar ao trabalho presencial, se posso fazer tudo de forma remota? ” Se você fizer essa pergunta a um advogado especialista em direito do trabalho, ele vai lhe responder com todas as letras que não existe nada na lei que impeça o chefe a exigir que o colaborador volte ao trabalho presencial. O empregador é quem dá as regras de como funciona sua dinâmica interna. Isso vale inclusive para profissionais tidos como grupo de risco.

Como gestor tenho orientado ambas as partes: aos empregadores tenho dito para que reflitam e façam um balanço da melhor forma, não perdendo de vista aquilo que têm trazido retorno e melhores benefícios nos resultados finais. Neste momento é isso que a empresa precisa focar. Também tenho frisado para redobrar a atenção naquilo que a legislação tem dado como regra. Porém, é necessário ir além do que diz a lei. Não perca do seu foco a ideia de que a flexibilidade de horário e forma de trabalho, quando empregada de maneira adequada e estratégica, gera relação de confiança e responsabilidade dentro das empresas privadas e até mesmo em órgãos públicos. O trabalho remoto é a tradução palpável desta ideia. Não deixe escapar das mãos esta ‘oportunidade’ que a crise pandêmica trouxe.

Empregados, se preciso, retornem com boa vontade. Contudo, exija do seu empregador as regras básicas de saúde que devem ser implantadas nas empresas como uso de mascaras, álcool em gel, distanciamento em refeitórios, salas de reuniões etc. Caso não tenha esse básico, argumente, busque a comissão de segurança de acidentes no trabalho, ajude a empresa a melhorar esse processo. Afinal, é a sua saúde e a saúde dos seus familiares e colegas que estão em jogo. Se convidado a permanecer em trabalho remoto, valorize esse crédito que a empresa está lhe confiando. Entregue o que for pedido, se possível, um algo a mais, demonstrando que sua relação de produtividade pode ser igual ou melhor que a presencial.  Afinal, a pandemia nos mostrou, que quanto mais nos ajudarmos, melhores seremos protegidos dela. Sigamos em frente.

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