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Saiba como funcionou a estratégia de divulgação da nova rede social queridinha entre influenciadores.

Josef Rubin

Após dez anos de experiência em empresas multinacionais como Grupo Boticário, Mondelēz International, Falconi Consultoria, e ter morado em três países, Josef largou tudo para com objetivo de transformar o Brasil por meio da educação com a Conquer, escola de negócios da nova economia com mais de 1 milhão de alunos e uma das 100 marcas mais lembradas pelo brasileiros em 2020, onde é cofundador. Josef também é membro do conselho da startup de gastronomia The Market, e da ONG Mais1Code.

Tendência

Clubhouse: por que essa pode ser a próxima grande rede social

08/02/2021 13:43
Você também tem se perguntado por que as pessoas estão obcecadas com o aplicativo Clubhouse? Neste artigo, explicarei um pouco da estratégia por trás do lançamento dessa nova rede social, e por que ela pode se tornar uma plataforma revolucionária.
A nova rede social, ainda restrita para usuários via convite, já reúne personalidades como Oprah Winfrey, Drake e Elon Musk. A plataforma foi lançada em abril de 2020 e em menos de um ano ultrapassou a marca de 2 milhões de usuários. A título de comparação, o Instagram, hoje uma das maiores redes sociais do mundo, levou aproximadamente dois anos para atingir essa mesma marca.
A procura pelo app é tão grande que, segundo dados do Google Trends de fevereiro deste ano, o volume de buscas por “Clubhouse” superou as buscas por “Joe Biden”, atual presidente dos Estados Unidos.
Independentemente de você gostar ou não do app, a estratégia de lançamento do Clubhouse ao mercado tem sido inquestionável. Analisei a fundo o que estava por trás dessas estratégias e descrevo abaixo os principais pontos que considero essenciais nessa estratégia.

Como funciona o Clubhouse

O aplicativo permite que as pessoas participem de salas de chat com áudio ao vivo, nas quais o usuário pode somente escutar ou participar ativamente das discussões.
É como uma conferência, cobrindo os mais variados tópicos. Você apenas entra em uma sala e a partir daí começa a ouvir as conversas em andamento, que podem ter horas de duração. Se você levantar a mão, pode ser chamado ao palco para participar da discussão. Conforme você contribui para a conversa, você pode se tornar um moderador, o que permite que você chame novas pessoas ao palco.
O conteúdo não é registrado nem gravado. Ou
seja, quando a sala é encerrada, a conversação acaba e não pode ser ouvida
novamente.
O que torna a plataforma fascinante é o que ela não permite. Não há possibilidade de enviar e nem compartilhar imagens, assim como não há nenhuma forma de fazer comentários por escrito ou de enviar mensagens privadas. É somente áudio!
Essa facilidade na criação do conteúdo é um dos principais pontos positivos. Não precisa de câmera ou cenário: somente a voz. Um grande fator que impede as pessoas de abraçar o vídeo ao vivo é ligar a câmera. Com um aplicativo de áudio ao vivo, essa barreira é totalmente eliminada. O microfone do celular é tudo que você precisa.
A ferramenta também é um ótimo local para marcas e criadores de conteúdo testarem suas ideias: é possível abordar assuntos e sentir a reação imediata das pessoas, ver se estão gostando e se essa é uma pauta que pode ganhar mais força em outros meios. Acaba sendo também um teste rápido, medindo se o assunto abordado vai ter ou não boa aderência.

O uso de influenciadores a seu favor

Uma das estratégias mais eficazes — aplicada por redes como Instagram, YouTube e TikTok — é transformar seus melhores geradores de conteúdo em estrelas dentro da plataforma.
Essa inteligente estratégia acaba sendo uma relação de ganha-ganha entre a rede social e o influenciador. O influenciador ganha palco e maior probabilidade de crescimento na rede, e a rede social se fortalece e aumenta seu engajamento com o público final. O Clubhouse se apoderou dessa estratégia e tem feito isso com maestria.
“Os principais criadores são pessoas com personalidades magnéticas que atraem o público não apenas por causa de seus títulos e realizações, mas porque os ouvintes querem passar um tempo ouvindo intimamente seus pensamentos”, disse Josh Constine, um dos primeiros criadores de conteúdo da rede. “Esses criadores estão gerando grandes públicos para o Clubhouse.”
O aplicativo também tem um programa chamado “Programa Piloto do Criador”, liberado apenas para criadores convidados, no qual estes passam a ter uma série de benefícios exclusivos que vão de reuniões periódicas com os fundadores da rede social até ao acesso antecipado a ferramentas especiais que serão lançadas no futuro — trazendo uma sensação de pertencimento e engajamento ainda maior ao negócio.

FOMO como ponto central da estratégia de divulgação

Estima-se que tomamos em média 35 mil decisões por dia. Essas decisões vão desde as mais simples até as mais complexas. Estudos sobre a psicologia da tomada de decisão provam que a grande maioria delas são feitas de forma irracional.
O FOMO – Fear of Missing Out, ou medo de ficar de fora – é uma sigla muito conhecida no mundo do marketing, e mesmo que você não a conheça, provavelmente já passou por isso.
A estratégia FOMO se aproveita do viés de tomada de decisão. Isso acontece porque, como seres humanos, temos um viés cognitivo de pensar com escassez, construído a partir de milhares de anos. Um reflexo é a escassez para alimentos, por exemplo.
Essa estratégia é muitas vezes associada a expressões como no “você não pode ficar de fora”, “não vai perder essa”, “só você vai ficar sem”, entre outros. Isso aumenta de forma substancial o sentimento de escassez, gerando o tão temido FOMO.
Existem várias características que podemos detectar na estratégia de lançamento do Clubhouse, e que juntas vêm trazendo níveis elevados de FOMO para quem ainda não está na rede.
Inicialmente, o cadastro no app não é acessível para qualquer um. É necessário ter um convite para fazer parte ou ter acesso a rede. São comuns relatos de pessoas solicitando convite ou esperando para receber autorização de acesso ao aplicativo.
Outro ponto que chama bastante atenção é que a empresa soube muito bem transformar um potencial problema em oportunidade: o app é disponível somente para iPhone.
Isso poderia ser um ponto negativo, e até um ponto de insegurança por parte dos criadores. Será que devemos lançar mesmo sem acesso integral a todas as plataformas? Será que não devemos esperar mais três meses para lançar? O fato é que este potencial problema foi transformado em oportunidade para aumentar o FOMO, e até hoje o aplicativo segue disponível somente para usuários de iPhone. Ou seja, causa o desejo de escassez, e por consequência o desejo em fazer parte da rede.

Aumento consistente de temas e público

Inicialmente, o aplicativo trazia discussões sobre o mundo da tecnologia e startups, e dessa forma era atrativo somente para os geeks de plantão ou pessoas com alto interesse neste tipo de inovação, mas não estavam restritos ao objetivo inicial e sim ao que o “consumidor verbalizava”.
Com o tempo, o app vem demonstrando grande potencial de variedade de conteúdo, como talk shows de celebridades, shows e discussões políticas, aumentando assim o seu público potencial e rompendo as barreiras de escala que a rede social pode atingir.
Do ponto de vista estratégico, o app vem fazendo muito bem seu dever de casa e tem tudo para chegar na grande massa em tempo recorde. Para nós, estrategistas, é um case real que vale a pena ser acompanhado de perto.

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