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Thiago Braga

Thiago Braga

Entender a história da guerra é entender a história dos homens. Uma nova coluna todo domingo.

Donald Trump

A questão não é se os Estados Unidos vão cair… Mas quando

O bate-boca entre Trump e Zelensky, na Casa Branca, sinaliza crise entre EUA e Europa, colocando em risco a parceria transatlântica e a OTAN. (Foto: Jim Lo Scalzo/EFE/EPA)

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O Império Romano não caiu do dia para a noite: foram muitos anos de tumulto interno, guerras civis, golpes de Estado e corrupção. Esses problemas fizeram o Império perder algo fundamental para sua manutenção: a dissuasão. Com isso, ano após ano, gradativamente, os povos celtas e germânicos se aproveitavam da situação, avançando sobre território romano. Até chegarem a Roma e fazerem o maior império do mundo cair de joelhos. Isso levou séculos para acontecer, mas aconteceu!

Ao contrário de Roma, os Estados Unidos não são um império, e nem estão passando por guerras e golpes de Estado: os problemas americanos são comuns a muitos países ocidentais. Apesar disso, Trump parece escolher, por conta própria, retirar a histórica dissuasão americana construída principalmente no pós-guerra para manutenção da ordem global como a conhecemos. 

A dissuasão - termo usado nos estudos da história e geopolítica global para se referir ao poder militar de determinado país de dissuadir outro a tomar ações que possam afetar aquele país e seus aliados - não é opcional. 

Principalmente em um mundo onde Rússia e China emergem como potências militares, os americanos não podem escolher não se envolver. Se os americanos fizerem isso, os outros não perderão a chance de impor sua própria dissuasão e conquista sobre outros países, aumentando seu poder e influência sobre o mundo.

Zelensky está certo! Na vergonhosa reunião na Casa Branca com Trump, ele alertou que um dia alguém vai atravessar o Atlântico e o Pacífico e levará a guerra aos Estados Unidos.

Todas as potências já caíram devido à guerra; é só uma questão de tempo. O tempo que resta aos americanos depende de sua capacidade de impedir que novos players ganhem confiança e emerjam.

Nenhuma potência ousaria atacar os Estados Unidos nesse momento; mas nenhuma potência caiu com um assalto imediato a seu próprio território. Os inimigos eram pacientes, sempre comendo pelas beiradas

Geopolítica é um jogo complexo: potências emergem e entram em um jogo que elas sabem que é obscuro. Elas não podem simplesmente sair quando querem. Bem, até podem, mas a história nos ensina algo: o comunismo e o nazismo ganharam força pela ausência de dissuasão das potências ocidentais. A desgraça que ambos os regimes causaram é conhecida no mundo.  

Como político imediatista preocupado em performar como seus eleitores esperam, Trump tem uma manada de gados cegos não só nos Estados Unidos, mas até mesmo aqui no Brasil, por mais bizarro que isso seja. Eles são imediatistas, aplaudem discursos vazios e agressivos pelo bem da agressividade e do “mostra pra eles quem manda!”. Parecem crianças quando viam uma briga na escola.

Porém, as atitudes radicais de Trump podem ter efeitos futuros na geopolítica global que seu fiel “gado” prefere ignorar. Entretanto, fosse ele um líder hábil, poderia ter um impacto positivo em mostrar ao seu eleitorado como o mundo é mais complexo do que meras performances teatrais de autoridade.  

O que acontece na Europa afeta o mundo. As duas Guerras Mundiais provam que a Europa é o “centro do mundo”. Manter a ordem e a cooperação no continente é necessário não só para o bem da Europa - a orgulhosa hegemonia global americana depende disso.

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