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Thiago Braga

Thiago Braga

Entender a história da guerra é entender a história dos homens. Uma nova coluna todo domingo.

Diversidade

Atena e Calipso negras? A Odisseia de Nolan já começou errada!

A atriz Lupita Nyong"o foi escalada para interpretar Atena, a Deusa da Guerra e da Sabedoria, no filme "A Odisséia" (2026) de Christopher Nolan. (Foto: Reprodução/Walt Disney Studios Motion Pictures; Georges Biard/Own work/Wikimedia Commons)

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Eu costumo ser uma pessoa bem tranquila quando o assunto é diversidade nas mídias, principalmente quando se trata de uma fantasia ou personagem fictício criados por um artista, ou um estúdio. Eles têm o direito de fazer o que bem entenderem com uma criação artística deles; mudar o que quiserem: aquele personagem tem dono! E o dono não é o público; o público não tem o direito sobre aquele personagem. 

O direito do público é criticar se não gostar, o que eu apoio completamente. Estamos vendo grandes obras e filmes “quebrarem” pelo descontentamento do público. Contudo, eu acho que cada pessoa tem que escolher suas “guerras”, e essa não é a minha. 

Minha guerra é pela história: quando se trata de inclusividade no campo da história, aí é “tolerância zero” para mim. História é história: é o registro de um povo e de grandes indivíduos daquele povo; de seus deuses e heróis. 

Quer um bom exemplo: o seriado “Troia: Queda de uma cidade” protagonizou um Zeus e um Aquiles negros. Ora, em qualquer limite minimamente lógico, é possível conceber deuses africanos sendo retratados como loiros de olhos azuis? 

Uma criança poderia dar uma resposta bem óbvia, mas alguns adultos preferem lacrar com a história dos outros, principalmente com a história e mitologia dos europeus. 

Quer outro exemplo: a Odisseia, de Nolan, está para ser lançada no próximo ano. Quem acompanha meu trabalho sabe o quanto sou fascinado pela Odisseia, de Homero. Porém, já temos alguns problemas que certamente trarão problemas, ou até prejuízo ao filme.

Segundo alguns sites especializados, teremos a atriz Zendaya como Atena e Lupita Nyong como Calypso. Ora, estamos diante de duas divindades gregas, e certamente as duas atrizes nada têm a ver com a etnia grega antiga. 

Na Odisseia, estamos diante de uma representação histórico-mitológica de um povo com uma etnia grega: aqui estamos diante de como os gregos viam seus deuses. 

Ao longo de milênios, vemos descrições e esculturas de deuses e heróis gregos como sendo de aparência grega, embora as raças branca e negra sejam construtos recentes não usados naquele período. 

No livro XVIII da Odisseia, vemos Atena deixando a pele de Penélope ainda mais branca, como o mármore, para que ela ficasse ainda mais bonita para a chegada de Odisseu. 

Mulheres com peles mais claras eram vistas como mais bonitas aos gregos; ao contrário, homens muito brancos eram considerados afeminados.  

Portanto, esse tipo de inclusão não é bem-vinda, principalmente de pessoas/seres tão primordiais de uma cultura. 

Querem inclusão? Ótimo! Por que não incluíram o grande guerreiro etíope Menon na história? Ele existiu nos poemas homéricos, e era de etnia africana

Por que Nolan (ou outro) não fez um filme sobre a mitologia africana? Para os guerreiros da justiça social, é necessário misturar as coisas, alterar etnias, mexer com uma linda história de um povo, com os personagens mais primordiais delas.

A mesma crítica vale para o filme Deuses do Egito que foi duramente criticado pela escolha de deuses nada egípcios! E com isso, esperamos que esses filmes e diretores continuem tomando esses prejuízos homéricos em nome de sua agenda vazia. Será muito bem-feito!

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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