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Thiago Braga

Thiago Braga

Entender a história da guerra é entender a história dos homens. Uma nova coluna todo domingo.

Ficção vs história

Conheça a incrível gladiadora matadora de homens

Dan Hamill (Celadus), Evander Brown (Ephesius), Tenika Davis (Achillia), Graham McTavish (Korris) e Jordi Webber (Tarchon). (Foto: Reprodução/Produções DeKnight/Originais Starz)

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É sempre a mesma coisa: romanos dentro do Coliseu, indo ao delírio enquanto membros ou cabeças de gladiadores voam pelos ares. Hollywood consegue transformar com maestria as lutas gladiatoriais em açougues a céu aberto, onde a carne fatiada é dos próprios gladiadores pelos gladiadores!

Já escrevi uma coluna aqui na Gazeta destruindo esse mito da violência e da sanguinolência brutal nessas lutas. Hoje temos outro mito para quebrar: o das mulheres gladiadores, popularmente conhecidas como gladiatrix. Elas vieram à tona novamente com o trailer da série Spartacus: House of Ashur, que estreará em breve nas plataformas de streaming.

Nele, podemos ver uma gladiadora não só lutando contra homens, mas também os espancando de todas as formas que a cultura woke exige. Mas, como tudo na cultura woke, não há verdade alguma nisso e, nesta coluna, vamos analisar a história para confrontar essa ideia.

Começando pelo começo: "gladiadoras" existiram? A resposta é sim! O termo está entre aspas porque não havia uma palavra feminina em latim para gladiadores; elas eram, literalmente, gladiadores mulheres. Mas eram muito, mas muito raras nos eventos!

A evidência mais famosa sobre gladiadoras vem de um mármore de Halicarnasso, hoje parte da Turquia, que mostra duas mulheres lutando entre si. No mármore, aparecem o que seriam seus nomes de guerra: Amazon e Achilia.

A inscrição indica que a luta terminou em empate entre elas. Outras fontes escritas também atestam a existência de mulheres gladiadoras, mas novamente, são raríssimas e pouco esclarecedoras.

Então, sim, mulheres gladiadores existiram. Mas o problema vem agora: a gladiadora que vemos no trailer está completamente fora de controle, o verdadeiro flagelo de Ares para punir os homens... Pelo menos na série é assim, mas, novamente, está tão longe da verdade quanto Júpiter lançar um raio na minha cabeça por fazer essa referência.

Simplesmente não há evidência de mulheres lutando contra gladiadores profissionais em combates corpo a corpo, como vemos na série. E sabe por quê? Porque os romanos sabiam que as mulheres seriam destruídas por gladiadores profissionais.

Assim como hoje, pelo menos na maior parte dos esportes de luta profissionais, mulheres lutam contra mulheres e homens contra homens. Porém, nos últimos anos, a ascensão de mulheres trans (se eu estiver usando o termo no sentido correto, o que sempre é um desafio: refiro-me aqui a homens biológicos que se identificam como mulheres) tem alterado essa classificação atemporal, que remonta a antes mesmo dos romanos: homens biológicos têm derrotado (e ferido gravemente) mulheres biológicas em alguns esportes de luta.

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Para os romanos, a regra biológica era clara: macho contra macho, fêmea contra fêmea. Não existia igualdade entre homens e mulheres, nem na vida civil, muito menos quando o assunto era combate

Pelo menos nesse ponto, os romanos estavam certos! Para eles, a questão sexual era bem definida na hora de colocar mulheres na arena. Por exemplo, Suetônio, em sua obra Vida de Domiciano, não deixa dúvidas: “Domiciano... proporcionou caçadas a feras, shows de gladiadores à noite, à luz de tochas, e não apenas combates entre homens, mas também entre mulheres”.

Assim, além do mármore de Halicarnasso mostrando duas mulheres lutando, temos aqui uma fonte primária escrita que confirma: mulheres lutavam entre mulheres. Portanto, nos raríssimos eventos em que gladiadoras apareciam, era contra outras gladiadoras que elas combatiam.

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