“O Holodomor não foi um genocídio!” Não foi mesmo?

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Como mostrei para vocês nas primeiras duas colunas desta série, os comunistas dizem que esse argumento é propaganda nazista. Portanto, dizer que a fome ucraniana foi um genocídio, ou que foi planejada por Stalin, seria só “propaganda nazista”. É um argumento no mínimo preguiçoso, porque ele te incentiva a descartar o assunto de cara alegando ele viria de gente da pior espécie. Alguém fala de genocídio na Ucrânia e você responde: “propaganda nazista!” Pronto, acabou o debate! Mas essa tática só beneficia esses negacionistas que conseguem varrer a podridão comunista para debaixo do tapete.

Mas novamente, vamos lembrar que a gente não vive mais na Guerra Fria e esse “argumentinho” pode ser despedaçado a qualquer hora com uma avalanche de estudos relevantes. Desde que os arquivos soviéticos foram abertos, a fome se tornou cada vez mais ligada ao governo soviético e a seu modus operandi terrorista. E com isso a falácia da “propaganda nazista” foi se revelando cada vez mais como uma verdadeira propaganda comunista.

Para simplificar e tornar nossa coluna mais objetiva, gostaria de sugerir que o nobre leitor assista ao meu documentário sobre o Holodomor, em meu canal Brasão de Armas, que é o maior e mais completo documentário já feito no Youtube sobre o assunto: são 3 partes totalizando 3 horas de conteúdo. Lá você poderá verificar um amplo estudo de artigos e documentação primária que provam que o Holodomor pode ser considerado, sim, um genocídio. Poderá verificar que grandes especialistas no assunto apresentam evidências para um assassinato intencional perpetrado por Stalin, como por exemplo Andrea Graziosi e tantos outros.

Mesmo que a prática de genocídio ainda esteja sujeita a debate, os autores citados não deixam dúvidas das ações e efeitos do regime stalinista na Ucrânia e em outras regiões: assassinato em massa, limpeza étnica e terror de nacionalidade

Mas agora destaco um estudo interessante aqui: ele mostra que, para o Holodomor ser considerado genocídio ou não, dependerá da interpretação legal da palavra. Vemos isso no estudo feito pelo professor Michael Ellman e publicado pela revista Europe-Asia Studies. Na página 690, o autor entende que dizer se o Holodomor foi um ato genocida ou não, depende da interpretação legal da palavra: ele próprio acredita não haver evidência sólida de genocídio, mas reconhece uma série de atitudes soviéticas que poderiam ser consideradas como genocídio em sentido mais amplo.

Mas o autor é claro e inequívoco em uma coisa: Stalin e os comunistas cometeram “assassinatos em massa e crimes contra a humanidade.” Nas palavras do próprio autor ainda na página 690: “Do ponto de vista do direito penal nacional, o debate é sobre se Stalin era culpado 'apenas' de homicídio culposo (em massa) ou se era culpado de homicídio (em massa). Do ponto de vista do direito penal, a única forma de defender Stalin da acusação do assassinato (em massa) é argumentar que ele ignorava as consequências de suas ações. Stalin era sem dúvida ignorante sobre muitas coisas, mas será que ele era realmente tão ignorante? Do ponto de vista do direito penal internacional contemporâneo, um crime (ou uma série de crimes) pelos quais Team-Stalin foi claramente culpado em 1930-34, é o de crime(s) contra a humanidade.” Agora depois de analisar esses estudos eu te pergunto: qual foi a última vez que você ouviu um “bolchevique” online dizendo que os soviéticos cometeram “assassinatos em massa”, “crimes contra a humanidade” e fizeram uma “limpeza étnica” desumana contra o povo? Será que é porque eles passam pano para um regime assassino daquele?

Mas então, até agora a gente já chega a uma conclusão óbvia. Mesmo que a prática de genocídio ainda esteja sujeita a debate, os autores citados não deixam dúvidas das ações e efeitos do regime stalinista na Ucrânia e em outras regiões: assassinato em massa, limpeza étnica e terror de nacionalidade. Esse era o modus operandi da ditadura comunista soviética. Mas não tema, os apologistas dizem que a principal causa da fome não foi Stalin e o comunismo: foi o clima! Só que não...

Thiago Braga

Thiago Braga é especialista em História da Guerra e Ciências Humanas: História, Filosofia e Sociologia pela PUCRS, Literatura Europeia e Língua Inglesa pela PUC Rio. Ele também é youtuber e criador dos canais “Brasão de Armas” e “Impérios AD”. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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