Cuidados
Chuvas, bromélias e os temidos mosquitos da dengue
Apesar de acumular água, a bromélia é inofensiva para o risco de dengue. | Bigstock
Aqui em Curitiba passamos por um período intenso de chuvas, não é? Claro que esse tempo chuvoso é ótimo para a vegetação, mas os dias de sol e de calor estão fazendo falta para todos, inclusive para as plantas e, especialmente, para as flores e frutos que precisam das condições da primavera e do verão para desabrocharem. Outro pequeno e temido ser que está sentindo falta do calor é ele: o mosquito da dengue que se reproduz muito rapidamente com as condições ideais de água acumulada e temperaturas altas.
Com tanta chuva, muita água está ficando acumulada nas plantas e no solo, e as bromélias são famosas por serem (injustamente) acusadas de aumentar os casos de dengue nesta época. Muita gente acredita que por acumular água no centro da planta, as bromélias não são boas opções para incluirmos no jardim.
A maioria das espécies de bromélias acumula água em seu interior para que absorvam água e nutrientes por ali e se mantenham hidratadas e saudáveis. Nesta cavidade, a própria planta produz compostos químicos para auxiliar na decomposição de insetos mortos e outros restos vegetais, para que possa absorver os nutrientes existentes. Além disso, este ambiente protegido da bromélia é abrigo para diversas espécies de pequenos animais, como anfíbios, aranhas e vários insetos, incluindo espécies de mosquitos.
Pensando na proliferação dos mosquitos da dengue, segundo diversos estudos feitos em território nacional por institutos de pesquisa, as bromélias não são focos significativos para o desenvolvimento da espécie. Em um dos estudos acerca deste tema, foram coletadas amostras de 120 exemplares de bromélias ao longo de um ano no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e dentre todas as larvas coletadas, somente duas eram do Aedes aegypti, representando 0,07% do total. As larvas predominantes eram de pernilongos e outros mosquitos que não nos transmitem doenças.
Em outro estudo realizado em Santa Catarina, no período de 1998 até 2007, os resultados mostraram que 96% dos criadouros de Aedes aegypti eram locais de acúmulo de água artificiais, como tanques, pneus, garrafas e outros recipientes, e não criadouros naturais, como plantas, troncos, bromélias e até rochas.
Agora, além de esclarecer o tema do mosquito da dengue, te convencer a colocar bromélias no jardim é muito mais fácil! Além da sua beleza, de suas cores chamativas e de suas flores maravilhosas, as bromélias são plantas nativas do Brasil, o que contribui para a valorização da nossa flora!
Saiba mais!
As bromélias não são focos para o desenvolvimento do mosquito da dengue, e isso pode ser explicado por alguns fatores:
- O excesso de matéria orgânica e outros compostos químicos existentes na água da cavidade não formam o ambiente ideal para o mosquito da dengue depositar seus ovos;
- O mosquito da dengue acaba precisando competir com outros insetos e organismos já adaptados a este ambiente das bromélias, como aranhas, pernilongos, pequenos besouros e demais insetos;
- Por conta da decomposição de organismos, a água presente na cavidade acaba tendo alta acidez, o que pode diminuir a incidência de alguns insetos, especialmente a postura dos ovos do Aedes aegypti, nome científico do mosquito da dengue.
