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Em 19 de abril, soldados ucranianos enterram mais uma das intermináveis baixas, Pavlo Petrychenko.
Em 19 de abril, soldados ucranianos enterram mais uma das intermináveis baixas, Pavlo Petrychenko.| Foto: Sergey Dolzhenko/EFE

O governo Biden finalmente conseguiu a aprovação de seu pacote de ajuda de 95 bilhões de dólares para Ucrânia, Israel e Taiwan. Após ser aprovado no Congresso, o texto já foi assinado por Biden, em meio à enorme pressão por mais ajuda para a Ucrânia, que receberá 61 bilhões de dólares. A ajuda militar, embora bem-vinda e necessária, não resolverá o principal problema dos ucranianos hoje.

A aprovação do texto no Congresso dos EUA foi complicada. Após o voto inicial no Senado, onde os democratas possuem maioria, o texto ficou parado por um tempo na Câmara, com maioria republicana. O presidente da casa, Mike Johnson, é conhecido como “MAGA Mike”, referência ao slogan de campanha de Donald Trump, “Make America Great Again”.

Mike Johnson liberou o texto para votação apenas quando estava claro que havia maioria para sua aprovação. Muitos republicanos próximos de Trump eram contra o pacote. O principal fator que alterou esse cenário foi o ato de vincular as ajudas à Israel e Taiwan ao auxílio ucraniano. Além disso, havia enorme pressão política. Por exemplo, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, visitou Trump na Flórida para negociar. O impacto dessas conversas ainda não está claro.

Auxílio

O auxílio dos EUA aos ucranianos é essencial para o país. O equipamento militar e as munições permitirão ao país melhorar sua capacidade de defesa frente à Rússia. Nos últimos meses, a Ucrânia esteve vulnerável, sem capacidade de defesa antiaérea adequada e perdendo territórios no leste do país. Vilas que foram palco de meses de combate no início da guerra caíram em pouco tempo na mais recente fase do conflito.

O auxílio dos EUA não se limita ao aspecto militar, também inclui dinheiro para o funcionamento do governo ucraniano, como pagamento de funcionários públicos, incluindo professores. Ainda assim, a situação ucraniana é bastante difícil para o governo Zelensky. O país sofre, por exemplo, com a falta de munição de artilharia, algo que a Rússia consegue produzir em maior quantidade e mais rápido.

A principal necessidade ucraniana não pode ser fornecida pelo dinheiro ou por algum governo. A Ucrânia precisa de soldados, de pessoas. Antes da guerra, a população ucraniana era de cerca de 45 milhões de pessoas, menos de um terço da população russa. Hoje, a estimativa é de 36 milhões de pessoas, com milhões de refugiados e de habitantes de territórios hoje ocupados pela Rússia.

Soldados

Além da diferença de tamanho da população, a capacidade de mobilização ucraniana é muito menor do que a russa. A Rússia oferece mais incentivos, incluindo financeiros, para seus soldados, que pensam que podem salvar suas famílias. O governo russo também criou uma enorme rede mundial para contratar mercenários, de Bangladexe até Cuba. A triste realidade é a de que a maioria dessas pessoas servirá de “bucha de canhão”.

A Ucrânia não tem isso para substituir suas dezenas de milhares de mortos e de feridos. A média etária de seu exército está perto dos 40 anos de idade, um número altíssimo. Parte deles não tem descanso desde o início da guerra, constantemente na linha de frente, sem rotação. Outras dezenas de milhares de homens em idade militar fazem de tudo para não servir ao exército, incluindo casos de corrupção recentes.

Soma-se ao cenário o fato de muitas batalhas se tornarem verdadeiros “moedores de carne”, com milhares de mortos sem alteração nas linhas de frente. Esse é o cenário que a Rússia explora e que é o calcanhar de Aquiles da Ucrânia. O dinheiro não vai ajudar os ucranianos nisso. A “solução” proposta por alguns pode piorar o problema, que é a presença de tropas estrangeiras na linha de frente. Enquanto isso, o tempo passa e a situação se agrava.

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