Que a abelha produz mel, todo mundo sabe. E não é pouco: só no Brasil, o setor apícola movimenta R$ 300 milhões por ano.
Mas e que 70% dos vegetais consumidos pelo homem dependem da polinização de insetos, sobretudo das abelhas, para serem cultivados, você sabia? O valor econômico deste mecanismo natural de “expansão rural” corresponde a 9,5% da produção agrícola mundial. O que só faz aumentar a preocupação com algo que tem sido observado com bastante frequência: as abelhas estão desaparecendo, em todo mundo.
Por aqui, apicultores de São Paulo e Santa Catarina registraram perdas significativas em suas colmeias nos últimos anos. É o que mostrou um artigo científico assinado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos, publicado neste ano. As causas ainda estão sendo investigadas, mas há pelo menos dois casos que apontam para a CCD, sigla em inglês para o que especialistas chamam de “Distúrbio do Colapso das Colônias”.
O desaparecimento de abelhas pode estar relacionado a vários fatores, como a utilização de defensivos agrícolas; a perda de habitats, por conta do uso da terra; doenças e parasitas que atacam as colônias e até mesmo as mudanças climáticas. No caso da CCD, um dos sintomas é a inexistência de pragas naturais, como traças, além de uma rápida perda de abelhas operárias. Com excesso de crias e menos abelhas adultas para trabalhar, a colônia entra em colapso.
Nos Estados Unidos e na Europa, a CCD já foi confirmada, por isso apicultores de lá estão em alerta. Já no Brasil, a suspeita é forte, contudo, o que dificulta os trabalhos é a falta de estrutura para análise. Existe apenas um laboratório especializado, em São Paulo, que não consegue atender à demanda nacional. O ideal seria, pelo menos, um por região.
Para os especialistas, é preciso aumentar o monitoramento, para entender melhor o que está provocando o desaparecimento das abelhas, a resistência delas a produtos usados nas lavouras e elaborar estratégias para resolver o problema. “Sem o conhecimento efetivo de produtores e colônias no Brasil, não é possível mensurar a magnitude das perdas e nem associá-las de forma segura à CCD ou a outros colapsos”, afirma a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Carmen Pires, especialista em ecologia de pragas e uma das responsáveis pelo artigo.
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