A soja tem muito mais de um século. A planta é conhecida e explorada há 5 mil anos na China, curiosamente o principal importador do grão. O país asiático deve comprar 74 milhões de toneladas em 20014/15, volume sete vezes maior que o da produção local. Os chineses priorizam outras culturas, como arroz, trigo e milho, e não têm lavouras suficientes para alimentar o total de 1,35 bilhão de habitantes.
“A China escolheu ser autossustentável em milho e importar soja”, explica o sócio-diretor da AGR Brasil, Pedro Djneka. Um navio da oleaginosa vale o dobro de um navio do cereal, diluindo o custo do transporte. Em plena expansão do cultivo, o Brasil remeteu à China 32,25 milhões de toneladas de soja em 2013, ou 75% dos embarques do grão, conforme o Ministério da Agricultura. Foi o maior volume negociado entre dois países no período, comércio do qual o Brasil não pode abrir mão.
A China colhe 12 milhões de toneladas da oleaginosa em safras normais. A necessidade anual de importação está passando de 70 milhões para 74 milhões de toneladas nesta safra. “Mudanças na China podem virar de ponta cabeça o mercado global [da soja], devido ao tamanho do país. Mas não espera-se uma alteração drástica nos próximos anos”, aponta Dejneka.
Para o presidente do Grupo AgResource, de Chicago, nos Estados Unidos, Dan Basse, os motivos para a dependência chinesa envolvem fatores financeiros e logísticos. “Os preços mínimos do governo chinês para o milho estimulam a produção do cereal. Além disso, como a maioria das empresas esmagadoras de oleaginosa estão localizadas no litoral do país, isso virou um incentivo maior para a importação de soja e produção doméstica de milho e trigo”, pontua o executivo.
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