Investidores estratégicos e financeiros voltaram a avaliar a possibilidade de adquirir uma participação relevante na BRF. A combinação de queda das ações da companhia, racha no conselho da empresa e o novo desdobramento da operação Carne Fraca está derrubando o valor de mercado da companhia, atraindo interessados em comprar uma fatia no negócio. O fundo Temasek, veículo de investimento do governo de Cingapura, está em conversas com a empresa de agronegócio Continental Grain, que tem abate de aves nos EUA, e o grupo de investimento Olayan para um possível investimento na companhia.
Uma fonte a par do assunto afirmou que a Temasek analisa BRF há pelo menos cinco anos e considera o ativo estratégico no mercado internacional. Nesses últimos meses, quando as desavenças entre os membros do conselho da BRF ainda não tinham se tornado públicas, Temasek se aproximou da Olayan, que tem forte atuação no Oriente Médio, e da Continental para fazer uma proposta pela companhia brasileira, maior exportadora global de frango.
Com as recentes turbulências, contudo, esses investidores agora avaliam, antes de se posicionarem, como será conduzida a troca do conselho de administração, que será discutida no dia 26 de abril, e o processo de recuperação da BRF, que tem registrado resultados decepcionantes pelo segundo ano consecutivo, afirmou uma fonte próxima à Temasek.
Procuradas, BRF e Temasek não comentam. Por telefone, a Olayan disse que não tinha um porta-voz para comentar. Já a Continental Grain não retornou os pedidos de entrevista.
Interessados
Há dois anos, a gigante americana Tyson procurou a BRF para uma possível associação, mas as conversas não foram adiante, afirmou um acionista relevante da companhia brasileira. Procurada, a Tyson não retornou pedidos de entrevista.
Nas últimas semanas, fundos de private equity (que compram participação em empresas) e grupos estratégicos voltaram a sondar a companhia, uma vez que a empresa está “barata”, disse essa mesma fonte. De 2015 até agora, a empresa perdeu R$ 35 bilhões em valor de mercado.
Em relatório, analistas do BTG Pactual veem ainda espaço para queda das margens da empresa e recuo dos papéis.
Com endividamento alto, em torno de R$ 13,3 bilhões, os bancos estão preocupados com os desdobramentos da operação Trapaça, mas não veem pressão ainda de que a BRF deixe de honrar pagamentos de curto prazo, segundo pessoas próximas a três instituições financeiras.
Dois altos executivos de bancos afirmaram que o movimento recente é de compra de ações da BRF na Bolsa, mas que ainda não há nenhuma operação estruturada de venda em bloco de ações por parte dos acionistas.
A expectativa está sobre as mudanças no conselho, segundo potenciais investidores e fontes ligadas a bancos. Em reunião anteontem, o conselho de administração da BRF aprovou o pedido feito pelos fundos de pensão Petros (da Petrobrás) e Previ (do Banco do Brasil) para convocar Assembleia Geral Extraordinária (AGE).
Mesmo diante do impacto da prisão de executivos e ex-executivos do grupo, entre eles o ex-presidente Pedro Faria, espera-se que mudanças operacionais significativas devem ocorrer após a troca do conselho. Os fundos de pensão conseguiram apoio de importantes acionistas, como a gestora britânica Aberdeen, para destituir os membros do conselho, incluindo o presidente do conselho, Abilio Diniz.
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