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A alta dependência do modal rodoviário, a rede de armazenagem deficitária e a capacidade de embarque limitada dos portos paranaenses são os principais gargalos. A comparação com Santa Catarina, segundo maior produtor, ilustra esses problemas. Apesar de produzir cerca de um terço menos, o estado vizinho exportou mais que o Paraná em quatro dos últimos cinco anos (2007, 2009, 2010 e 2011).

O Porto de Itajaí faz a diferença em Santa Catarina. Com capacidade de embarque de contêineres 50% maior que a do Porto de Paranaguá, mais que o dobro do espaço para armazenagem em câmaras frias e o triplo da capacidade estática de estocagem reefer (contêineres refrigerados), o complexo portuário permite que metade da produção catarinense de 2 milhões de toneladas ao ano siga para o mercado externo.

Apesar de ter produzido aproximadamente 1 milhão de toneladas a mais que Santa Catarina, o Paraná exporta volume similar, o equivalente a 27% de sua produção. "Nossa maior fragilidade é a armazenagem", avalia o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.

"Poderíamos estar exportando muito mais, mas não temos espaço de estocagem suficiente", reforça Juarez Moraes e Silva, diretor-superintendente comercial do Terminal de Contêineres de Paranaguá. Em teoria, explica, Paranaguá seria a principal alternativa de embarque a Santos para "todo o frango produzido de São Paulo para cima". "Mas se o produto vem de lá e não encontra armazém, acaba indo para Itajaí", relata Silva.

Da retroárea do Porto de Paranaguá até Curitiba, há câmaras frias para estocar aproximadamente 70 mil toneladas, estima o setor. Em Santa Catarina, só no complexo portuário de Itajaí, é possível armazenar 160 mil toneladas.

Das 644,6 mil toneladas embarcadas pelo Paraná nos primeiros sete meses do ano, 472,7 mil toneladas (73%) saíram por Paranaguá e 119,7 mil toneladas (19%) por Itajaí, conforme o governo federal. Considerando também São Francisco do Sul e Imbituba, a dependência chega perto de 25%. Santa Catarina embarca 90% do frango exportado em portos locais e apenas 4% em Paranaguá.

Especializado na movimentação de produtos congelados, o terminal da Ponta do Félix, situado em Antonina (PR), não embarcou nem um quilo de carne de frango neste ano. Concebido para navios break bulk (carga solta agrupada em volumes chamados pallets), ficou obsoleto conforme o mercado migrou de um sistema paletizado para contêineres reefers (refrigerados). Atualmente, apenas os importadores russos ainda utilizam esse tipo de embarcação.

Mercado interno recebe 65% das aves abatidas

Concentrada nas regiões Sudoeste, Oeste, Noroeste e Norte do estado, a produção avícola do Paraná percorre distância além da necessária para ser exportada. Por outro lado, acessa com facilidade importantes centros de consumo do Sul e Sudeste do país. Mesmo as 29 empresas do estado habilitadas à exportação reservam cerca de 65% de seus produtos ao consumidor brasileiro.

Estado mais populoso e urbanizado do Brasil, São Paulo é um dos maiores clientes. Empresas do interior do Paraná que não conseguem chegar a Curitiba têm no mercado paulista um grande comprador, como é o caso da Copagril. No Paraná, os produtos da cooperativa circulam apenas na microrregião de Marechal Cândido Rondon. "O custo logístico para comercializar a produção em São Paulo é menor do que para Curitiba", explica o presidente, Ricardo Silvio Chapla. Localizada a menos de 200 quilômetros da divisa paulista, a Big Frango, de Rolândia, comercializa 50% da produção destinada ao mercado doméstico em São Paulo e 30% no Paraná.

Com mais de dois terços da sua produção voltada ao consumidor brasileiro, a GTFoods, de Maringá também tem em São Paulo o seu principal consumidor (30%). Outros 15% seguem para o Rio de Janeiro e 10% rodam mais de 400 quilômetros até Curitiba.

Considerados mercados promissores devido ao aumento da renda da população, o Norte e Nordeste ainda não são grandes clientes da indústria paranaense. "Manaus é um excelente mercado, pois é porta de entrada da região e também para outros países da América do Sul", avalia o diretor da Frango a Gosto, de Arapongas (Norte do PR), Domingos Martins, também presidente do sindicato das indústrias do setor (Sindiavipar) e da Unifrango.

Ele afirma, contudo, que, com a elevação dos custos de produção, hoje está inviável para a indústria sulista acessar o mercado manauense, "até porque a indústria de carnes do Nordeste está cada vez mais competitiva".

"Ainda estamos mandando alguma coisa [para Manaus], mas o volume é muito pequeno. E vai tudo de caminhão, porque cabotagem não vale a pena. Fica mais barato mandar para a China", revela Reni Eduardo Girardi, gerente industrial da C.Vale, de Palotina (Oeste). Ele explica que 80% das vendas à Manaus ocorrem na modalidade FOB, em que os custos de transporte até o destino final ficam a cargo do comprador.

Entre o frete rodoviário até Paranaguá e o marítimo até o Norte, enviar um quilo de frango até Manaus não sai por menos de US$ 0,85, calcula Martins. O valor equivale a cerca de 20% do preço do frango inteiro no varejo manauense. "Uma das metas da Unifrabngo é ter uma navio de cabotagem exclusivo, disponível dioturnamente para atender esse mercado", conta. (LG)

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