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Vendas de aves somaram perto de US$ 700 milhões em abril, quase 10% menos que em março. | Jonathan Campos / Gazeta Do Povo
Vendas de aves somaram perto de US$ 700 milhões em abril, quase 10% menos que em março.| Foto: Jonathan Campos / Gazeta Do Povo

Nas últimas três décadas, a avicultura brasileira se transformou. De uma atividade de subsistência, foi alçada à condição de protagonista e é hoje uma das mais modernas e competitivas do mundo, conferiu a Expedição Avicultura, após rodar o Paraná.

O avanço ocorreu não apenas devido à ampliação do plantel e do abate de aves, mas à constante evolução tecnológica do setor. O progresso começou com a genética e ‘contaminou’ todo o processo produtivo. Desde que ultrapassou a barreira de um milhão de toneladas, no final dos anos 70, a produção nacional cresceu vertiginosamente. Trinta e dois anos mais tarde, o setor precisa de menos um mês para atingir essa marca, com mais de 13 milhões de toneladas de carne de frango produzidas em 2011.

O melhoramento genético após a introdução de linhagens híbridas norte-americanas, ainda na década de 60, trouxe preocupações com a nutrição e o manejo, permitindo melhoras significativas nos principais índices técnicos da atividade, como a conversão alimentar, a idade de abate e o índice de mortalidade. Se há trinta anos uma ave precisava comer dois quilos de ração e demorava quase dois meses para atingir o peso ideal de abate (na época 1,8 kg), hoje é possível produzir um frango de 2,5 quilos em pouco mais de um mês. E com apenas 1,7 quilos de ração.

Outro diferencial da avicultura brasileira foi a adoção dos chamados sistemas integrados de produção, uma espécie de parceria entre empresa e os produtores, na qual o criador recebe todos os insumos (pintos de um dia, ração, medicamentos e orientação técnica) e se encarrega da criação e engorda das aves até a idade de abate, recebendo como pagamento um valor previamente negociado. O sistema funciona como uma espécie de amortecedor, dando mais segurança ao produtor em momentos de crise.

"Nos últimos trinta anos, houve uma evolução muito grande nas áreas de manejo, nutrição, sanidade. Agora estamos na década da ambiência", considera Rodrigo Rotta, presidente da Granja Real, empresa de Pato Branco (Sudoeste do Paraná) especializada na produção de ovos férteis e pintainhos de um dia.

"Além da sanidade, que é uma obrigação, e da nutrição, o bem-estar animal é um dos pilares mais importantes do tripé responsável pela evolução da avicultura", reforça o produtor Mércio Francisco Paludo, de Palotina (Oeste). Ele relata que atualmente há uma preocupação muito grande com a temperatura, ventilação, iluminação dos aviários, o número de frangos por galpão, disponibilidade de comedouros e bebedouros, oferta de alimentos, debicagem e acompanhamento sistemático de ganho de peso. "Quem ganha com isso é o consumidor", conclui.

O principal desafio do setor a partir de agora está fora da porteira, considera o presidente da Copacol (Cafelândia), Valter Pitol. "Os Estados Unidos estão colocando o produto deles muito mais barato no mercado. Precisamos pensar em soluções compartilhadas com a iniciativa privada para diminuir os nossos custos logísticos, sob o risco de perdermos mercado", alerta.

Cadeia longa dificulta ajustes

Dinâmica e complexa, a cadeia das aves é muito mais longa do que muita gente imagina. Depois de chegar à granja de corte, o pintainho pode ficar pronto para o abate em menos de um mês. Do matrizeiro até o frigorífico, contudo, é necessário cerca de um ano e meio para que o frango chegue à mesa do consumidor. Por isso, um ajuste de produção como o exigido neste momento não ocorre tão rapidamente quanto o setor gostaria.

Pego no contrapé pela alta dos grãos, que encarece os custos de produção e esmaga a rentabilidade da atividade, o setor tenta reduzir o alojamento para diminuir a oferta, enxugar os estoques e alavancar os preços. Mas encontra dificuldades porque a produção de pintainhos, programada há meses, não previa o baque e só agora começa a diminuir a produção de ovos férteis. O ajuste começa com a redução do alojamento de matrizes, que, por sua vez, depende da diminuição importação de material genético. De uma ponta a outra, todo o processo pode levar aproximadamente dois anos. (LG)

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