O governador Beto Richa disse nesta quarta-feira, logo depois do confronto entre policiais militares e manifestantes, no Centro Cívico, que não tinha visto qualquer excesso, qualquer abuso por parte dos policiais. Disse que “nos vídeos a que tinha assistido”, isso não aparecia.
E insistia, com isso, que estava sendo “vítima de uma injustiça”. A frase é literal. “Eu não mereço essa injustiça”, afirmou em entrevista coletiva.
Richa pode estar preso a uma velha armadilha que costuma prejudicar a compreensão que os governantes têm do mundo. Os assessores, os asseclas, os secretários costumam achar que têm de proteger o chefe de todos os problemas. E acabam transformando o governante em um perfeito alienado, incapaz de compreender o que ocorre a seu redor.
Se Richa só viu vídeos que não mostravam imagens de abusos a explicação mais provável é que os acólitos só tenham lhe mostrado uma versão mutilada dos fatos. É assim que funciona: o clipping é selecionado, o noticiário, se não agrada, é porque foi comprado, e alguns vídeos simplesmente não existem para o Palácio.
Claro que Richa, e qualquer outro governante. pode escapar facilmente da armadilha. Mas ela é tão protetora que a maioria prefere isso: a ignorância do mundo para ter o conforto de imaginar que todos os seus atos são bons, que todas as suas ideias deram certo.
O risco é alto: de repente, o governador aparece em público dizendo um absurdo como esse e passando vergonha diante de milhões de brasileiros.
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