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Internacionalização das Universidades Brasileiras chama inovações
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Tratar da internacionalização das Universidades Brasileiras é uma questão das mais difíceis, pois, invariavelmente, o discurso, em muitas das vezes, segue por vias já conhecidas as quais, infelizmente, não se mostraram eficientes e escondem problemáticas que, não resolvidas, inviabilizam a internacionalização de fato, ou antes, escondem múltiplas possibilidades.

Assim sendo, ao se abordar a questão da universalização das Universidades Brasileiras é exigido inovar, perspectivar novos caminhos a percorrer. E, neste sentido, observe-se que discutir questões associadas sem pensar em relações estreitas entre os Governos, as Empresas e as Indústrias (ou melhor, os Meios de Produção) e as próprias Universidades é não levar em conta a internacionalização dado que tais relações sempre assumiram e continuam a demandar papel decisivo nas relações internacionais.

No sentido considerado precedentemente chama-se a atenção para se instanciar a internacionalização das Universidades Brasileiras por intermédio da Tríplice Hélice do Conhecimento que continua sendo o motor das Revoluções Industriais e agente imprescindível para a universalização quer seja das Universidades ou de quaisquer outros setores das Sociedades desenvolvidas que almejam soberania para suas Nações.

No final do século passado surgiu o modelo de Inovação da Tríplice Hélice do Conhecimento baseada nas relações mútuas entre Governo-Universidade-Indústria que objetivavam a união daquelas três forças para promover e determinar as necessárias soluções de problemas comuns da Sociedade para o bem geral.

O mais recente modelo da Tríplice Hélice do Conhecimento-Inovação preconiza que o desenvolvimento e o progresso são mais fortemente possibilitados quando a Universidade (por meio do Poder do Conhecimento) mantém, necessariamente, relações simbióticas com o Poder dos Meios de Produção (Indústria e Comércio) e o Poder Político do Estado (Governo), objetivando, por meio da Inovação, a produção de CONHECIMENTO ÚTIL necessário para o desenvolvimento das Nações e para a Melhoria de Vida das Pessoas.

Assim, no atual mundo globalizado, as correspondentes simbioses chamam a internacionalização da Universidade em associação com o desenvolvimento dos Governos e dos Setores Produtivos de forma a transcender os limites de cada Nação ao fazer girar a Tríplice Hélice do Conhecimento-Inovação.

De outro lado, é importante salientar que a internacionalização deve ter seu início (sistematicamente) já na Graduação. É um engano pensar que é apenas a partir da Pós-Graduação que se atingirá a internacionalização da Universidade. Na verdade, se a internacionalização for iniciada apenas nos Mestrados e Doutorados poderá ser tarde demais; pois não se terá atingido o nível de amadurecimento necessário para a troca internacional de conhecimentos ou de expertises e muitas oportunidades poderão ser perdidas.

Porém, há de se acrescentar que não se consegue internacionalização sendo apenas agente passivo no processo. Internacionalização deve ser entendida como um processo sistêmico constante de troca entre as partes, pois, do contrário, transforma-se em dependência não aceitável de uma parte em relação à outra (como, aliás, é observado de forma recorrente nos dias atuais). Ambas as partes devem ganhar, devem ser favorecidas. Assim é necessário pensar em programas de internacionalização nos quais ambas as partes envolvidas são mutuamente favorecidas verdadeiramente. Não havendo troca, o processo de internacionalização é falho.

Para a universalização das Universidades Brasileiras é urgente, também, a implantação de conjunto de disciplinas ministradas e avaliadas totalmente em línguas estrangeiras (pelo menos em inglês, francês e alemão, simultaneamente), conjunto este desenvolvido tanto por nativos quanto por estrangeiros.

Os Professores deveriam ser conduzidos a realizar cursos de línguas específicos para ministrar suas disciplinas em outra língua internacional com relativa frequência. As Bibliotecas deveriam ser constituídas de acervos contendo obras em várias línguas e a Universidade deveria promover (institucionalmente) programas de intercâmbios nos quais Professores estrangeiros ministrassem eventos ou desenvolvessem pesquisas na própria Universidade Brasileira nas suas línguas mães e os Professores do Brasil deveriam ir para outros países e ministrar eventos ou disciplinas regulares nas línguas pátrias daqueles países.

É necessário que a construção da internacionalização da Universidade pense na formação e atração de profissionais de outros países para trabalharem no Brasil. O Brasil necessita atrair e reter os talentos de outros países como é usual em outras Nações desenvolvidas. Assim, a Universidade Brasileira deve remodelar suas estruturas para formar o profissional do mundo e para o mundo e não apenas para atender as necessidades do Brasil.

Não é mais aceitável formar profissionais que tão somente percebem os problemas locais de seus países. A dupla diplomação é importante, mas se faz necessário avançar além da simples ideia do duplo diploma que é limitada e limitante. O Brasil necessita formar profissionais para disputar empregos em qualquer parte do mundo. A Universidade Brasileira deve competir internacionalmente no sentido mais amplo da palavra “competir”.

Pensar, então, na formação integral do profissional gerado pela Universidade Brasileira para inseri-lo no mercado internacional é primordial. É preciso enviar os Professores e os Jovens Estudantes Brasileiros para outros países não essencialmente para adquirirem apenas conhecimentos, mas para que consigam, também, diminuir a grande dificuldade de adaptação que apresentam. É recomendável, por exemplo, que o futuro profissional conheça a história e a cultura de outros países nos quais a Universidade Brasileira tem intenções de trocar conhecimentos e firmar acordos de cooperação.

A internacionalização da Universidade deve permitir compartilhar experiências múltiplas que venham ajudar a reestruturar os currículos atuais de forma ampla e para favorecer tanto a competitividade quanto para garantir a igualdade de condições na produção e disseminação do conhecimento, não deixando de lado, entretanto, a formação do cidadão e do profissional para o mundo.

Como precedentemente observado, a internacionalização da Universidade Brasileira deve considerar outros paradigmas além dos atuais em vigência para pensar em novas políticas e procedimentos que condicionem sempre a troca plena de expertises com as Nações com as quais se pretendam relacionamentos, pois do contrário não haverá internacionalização.

 

 *Artigo escrito por Carlos Magno Corrêa Dias, Professor na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Líder (Coordenador) do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) da UTFPR/CNPq. O do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI) é colaborador voluntário do blog Giro Sustentável.

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