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Papo com Lenine, de música a Lava Jato
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 Nesta sexta feira, 26 de maio, Lenine volta a Curitiba com sua turnê Carbono. Ganhador de 5 Grammy Latinos e com mais de 10 discos na carreira, Lenine retorna para única apresentação no Teatro Positivo. 

Lenine, um pernambucano que chegou no Rio de Janeiro na década de 70 tentando mostrar seu trabalho autoral, e é hoje reconhecido como um dos maiores compositores brasileiros da atualidade, sendo quase uma unanimidade perante a classe artística como um dos artistas mais talentosos e completos de sua época.

O artista, que não gosta de rótulos e tem claro posicionamento político, não faz questão de esconder o que pensa, muito pelo contrário. Talvez até por influência do nome que carrega. Lenine foi o nome escolhido por seu pai, um ferrenho defensor de ideias socialistas, em homenagem ao líder soviético Lenin.

Se preparando para o show em Curitiba, Lenine bateu um longo papo com o Blog. Em uma agradável conversa sobre música, e como não poderia deixar de ser, política. 

No projeto “Papo Reto” de hoje, Lenine: 

Blog Música Urbana – Antes de começar uma entrevista, costumo perguntar para o artista entrevistado como ele define sua música. No seu caso Lenine, como você definiria o que você faz?  

Lenine – Veja, acho que a música não deve ser definida. Não costumo definir minha música, pois tenho um interesse generalizado e amplo por toda forma de expressão. E acho que tudo o que eu toco, eu sou tocado também. Na verdade, eu prefiro não objetivar o que faço e digo que é contemporâneo porque é feito agora.

Blog Música Urbana – Eu vejo muito nas suas composições influência de rock, apesar de você cantar MPB. Você se considera um roqueiro?

Lenine – Sim, está correto.

Blog Música Urbana – Um roqueiro que canta MPB ou um artista de MPB cantando rock?

Lenine – Perdão, roqueiro, não. Pedreiro.

E isso tem muito a ver com o interesse, mais do que um estilo, acho que o rock tem a ver com a atitude, com a maneira de fazer. E isso sim, eu sou bastante roqueiro por formação. Pra você ter uma ideia, “os meus Beatles”, que eu sou uma geração depois, seria uma mistura de Zeppelin e Police. 

Blog Música Urbana – Mais rock ou MPB? 

Lenine – Volto à primeira análise, prefiro por não rótulo. Porém faço MPB, “Música Planetária Brasileira”.

Blog Música Urbana – Ok. Mais compositor ou mais cantor?

Lenine – Infinitamente mais compositor. Até porque, talvez, só cinquenta por cento do que eu produzo eu me sinto capaz de cantar.

Blog Música Urbana – E como é seu processo de composição?

Lenine – Bom, hoje em dia é uma coisa que eu posso me forçar a fazer, por conta de algum estímulo, de algum trabalho que esteja fazendo, e pode também ser, eu chamo de “momentos de psicofonia”. Ali o instrumento está ao seu lado e você começa a dedilhar sem nenhum objetivo aparente. Isso geralmente termina sendo um estímulo para alguma coisa que termina se transformando numa canção.

Blog Música Urbana – Eu queria que você nos contasse sobre seu lado produtor. Como acontece isso? Você abre uma temporada de produção, ou realmente as pessoas te procuram pra produzir? Como funciona o Lenine produtor?

Lenine – Primeiro eu só me sinto capaz de produzir o que realmente me toque, que eu gosto. Então eu não me enquadro muito no perfil do produtor, porque produtor é alguém que não pode escolher muito, sabe? Acho que tem que estar apto para fazer qualquer tipo de caminho musical. E eu não, eu tenho uma escolha passional que precede o fato de eu ser produtor, você entende?

Porque eu realmente nunca aprendi, não foi um processo acadêmico, nem produzir, nem arranjar, nem cantar, nem tocar. Foi meio autodidata e nesse sentido eu só me sinto capaz quando estou completamente envolvido passionalmente pelo projeto.

Blog Música Urbana – Falando em música nacional, Lenine, você acha que a música nacional perdeu relevância?

Lenine – De jeito nenhum. Está sofrendo uma certa invisibilidade por causa da mudança dos meios de propagação.

Blog Música Urbana – Você consegue reconhecer algum movimento musical no Brasil hoje?

Lenine – Eu acho que a gente não precisa de movimento. Eu nunca vi tanta movimentação no país. Recebo de todas as regiões desse país trabalhos muito refinados, muito bem feitos, muito ousados. Então na minha percepção o Brasil nunca andou tão bem das pernas, produzindo.

Blog Música Urbana – E como fazer essa produção chegar até os consumidores de música ?

Lenine – Esse que é o problema, porque com a história do digital e a democratização do processo de fazer, porque isso também é culpa dessa democratização dos meios de produzir, aí a oferta ficou infinitamente maior e pulverizada no meio da nuvem.

Muitas vezes material de muita qualidade. Mas qual é a dificuldade? Chamar atenção para o que você faz. Eu acho que esse é o próximo pra gente descobrir como utilizar essa nova tecnologia digital em benefício da arte.

Blog Música Urbana – Sim. E você tem uma visão empreendedora também do “music business”. Você tem a sua própria produtora não é mesmo?

Lenine – Eu sou empresário.

Blog Música Urbana – Exatamente, você não é só o artista. Você tem uma visão empreendedora. Sendo assim, eu gostaria de saber sua opinião agora como empresário. Como este artista que está escondido, em algum lugar do Brasil, e que tenha qualidade. Como ele poderia desenvolver sua carreira?

Lenine – Na verdade, não tem outro caminho, é permanência e excelência. Não existe outro caminho. Ou pelo menos, foi assim para mim. Caso existam outros caminhos, eu não sei quais são. Eu descobri meu próprio caminho, meu caminho foi assim: permanência com excelência.

Blog Música Urbana – Você consegue enxergar ainda nas suas composições aquele garoto que nos anos 70 foi pro Rio de Janeiro buscando esse reconhecimento?

Lenine – Não, nas composições não. Mas quando eu subo ao placo sim.

Blog Música Urbana – Mudando um pouco de assunto. Com tantos artistas icônicos, ídolos mundiais nos deixando como Prince e Leonard Cohen e tantos outros já chegando a uma idade avançada. Você consegue ver renovação a altura dessa geração?

Lenine – Consigo sim, sim. E não só uma renovação, porque renovação tem alguma coisa de repetir, mas uma inovação. Porque é um mergulho interior. Aí é que eu te digo que descobrir onde está tudo isso é que se torna cada vez mais difícil, mas eu vou te dizer, o fato de eu ter três filhos de diferentes idades e os três terem a música como o grande universo da vida deles, transforam eles em grandes municiadores para mim. Como cada um tem uma idade, os interesses são diferentes, de nichos diferentes. Então eu me mantenho muito municiado pelo rap e hip hop pelo mais novo, pelo rock e pela música contemporânea pelo do meio e pela MPB e Samba pelo mais velho.

Então eu te digo com muita clareza, rapaz tem muita coisa boa, estão surgindo muitos compositores aí, muitos, muitos, muitos, muitos.

Blog Música Urbana – Quem são seus ídolos digamos assim? Da música nacional ou internacional?

Lenine – Os nossos ídolos ainda são os mesmos, as aparências não enganam, não.

Belchior por exemplo. Dominguinhos, por exemplo. Eu tenho muitos ídolos cara, e não se restringe só ao Brasil, não.

Você tem grandes trabalhos de pessoas que até hoje eu procuro saber, um Sting, um Peter Gabriel, são pessoas que definiram não só uma música como uma conduta.

A gente foi formado por esses ídolos e nessa formação existe, talvez uma idolatria. A gente não vê muito a importância de quem não estava ali presente na nossa formação. Eu acho que sempre tem esse lado. Uma espécie e saudosismo.

Sempre quando eu vejo meus filhos falando dos ídolos deles eu me pego falando assim “ah, não mas no meu tempo” e eu digo, será que é isso que acontece realmente? Será que não está no meio desse pacote uma passionalidade na nossa formação? Temo acho que sim.

Blog Música Urbana – Na verdade eu também tenho essa dúvida. Sinceramente, não sei se é uma parcialidade ou se realmente existe essa diferença de qualidade, sabe?

Lenine – É lógico que à toda hora eu choro de saudade! Sacou? É lógico que eu choro de saudade de um Itamar Assunção, sabe? É lógico que eu choro com a perda. Mas eu tenho acesso à muita coisa que está aparecendo agora e como se fossem novas descobertas, e fico feliz de perceber que a coisa não está parada.

Blog Música Urbana – Lenine, você é uma pessoa bastante politizada, certo?

Lenine – Sim.

Blog Música Urbana – Não tem como a gente não perguntar…

Lenine – Não existe forma de expressão de arte que não seja política.

Blog Música Urbana – E você externa isso de maneira clara, talvez até por influência do nome, Lenine?

Lenine – Mas aí a culpa não é minha, é do meu pai.

Blog Música Urbana – Como você está vendo o Brasil hoje?

Lenine – Eu procuro não ver e acreditar que algumas dessas forças públicas consigam limpar algo que está muito sujo.

Blog Música Urbana – E a Lava Jato?

Lenine – A lavagem precisa ser muito grande, acho. Não se restringe só em não se reconhecer este governo que está aí. A coisa é muito maior, eu acho que a gente tinha que moralizar toda a política no Brasil. Eu não posso concordar que o primeiro passo para a nação seja uma reforma de previdência sem antes reforma política, sem antes taxar quem tem mais, sem antes cobrar obrigações dos grandes empresários. Acho que teria que ter uma bolsa nacional em prol dessa recuperação do país e não necessariamente passar, primeiramente, por uma reforma da previdência.

Blog Música Urbana -Mas você apoia a Lava Jato?

Lenine – Apoio qualquer tipo de transparência.

Blog Música Urbana – Você está vindo para se apresentar em Curitiba, capital da Lava jato

Lenine – Sou completamente contra a seleção da lavagem, eu acho que a lavagem tem que ser completa. Eu não vejo muito se falar, o foco e a vedete está sendo o Lula. Acho ótimo, vamos até o final com isso mas tem muitas outras vedetes para dividir essa autoralidade no que diz respeito à corrupção nesse país.

Blog Música Urbana – Muitos artistas que vem se apresentar em Curitiba têm feito, inclusive, homenagens ao juiz Sérgio Moro. Você seria…

Lenine – Não, não, não acredito que uma pessoa seja o mais importante, o nome a zelar.

Sou um fã do Janot, torço muito por ele. Nesse processo todo de alguma maneira fazer com que a transparência no Brasil seja uma coisa corriqueira. Não pode a gente continuar sendo o país das falcatruas e da impunidade, isso não cabe mais. E eu torço para que nós estejamos começando a viver a época da transparência.

Blog Música Urbana – Voltando para música. Eu vi que você lançou recentemente um álbum em parceria com um maestro holandês Martin Fondse, The Bridge. Fale um pouco sobre esse trabalho.

Lenine – Isso, isso. Ah, que massa você perguntar isso porque é um trabalho que eu me orgulho muito.

E teve essa conotação bacana que foi o encontro da gente, que foi a música que nos levou a se encontrar. Foi um grande produtor amigo de um festival importante na Holanda que propôs. Eles fazem uma vez por ano uma carta branca para um artista e propõem encontros, e como o Martin, sendo holandês teve a carta branca há uns quatro anos atrás, esse amigo em comum disse “eu acho que você devia conhecer o trabalho de um cara no Brasil chamado Lenine, tem tudo a ver com o que você faz”. E foi assim que começou. Ele me ligo dizendo “estou te ligando porque um amigo da gente me pediu pra eu ligar pra você, vamos nos ver?”.

E nos encontramos, a empatia foi imediata, isso gerou um espetáculo, ele com a orquestra dele, com os arranjos dele sempre fundamentado no repertório que eu criei ao longo desses anos. Esse espetáculo rodou o Brasil e o mundo durante uns quatro, três anos, nos principais de festivais de jazz do mundo, a gente foi em muitos lugares. E teve essa conotação muito bacana que ao fim da última turnê que estávamos fazendo, a gente ia se apresentar nessa casa que era muito prestigioso e prestigiada em Amsterdan chamada Bimhuis. A gente sabendo disso disse “vamos documentar e celebrar esses quatro anos de trabalho”, assim é o The Bridge.

Blog Música Urbana – Então foi longo o processo. Você viajou bastante com ele.

Lenine – No Brasil a gente chegou a fazer duas turnês com ele até extensas, mas o Brasil é muito extenso, você não consegue ir para todos os cantos.

Blog Música Urbana – Curitiba eu imagino que você não veio, né? Não me lembro de ter visto nada a respeito.

Lenine – Não, em Curitiba não conseguimos ir. Estivemos em Floripa, estivemos em Porto Alegre mas não estivemos em Curitiba com esse espetáculo.

Blog Música Urbana -Que pena.

Lenine – Pois é, que pena. Em Recife não consegui ir com ele também.

Blog Música Urbana – Poxa, não conseguiu levar o projeto a sua cidade, Recife.

Lenine – É porque às vezes é isso, trata-se de uma orquestra que ela, digamos assim, multinacionalista, porque tem dinamarquês, norueguês, holandês, turco, alemão e esse processo todo foi uma loucura pra gente. Quando eles queriam se comunicar entre eles a gente falava em alemão, e eu não falo em alemão.

Blog Música Urbana – E além de tudo, caro, né?

Lenine – Na verdade, a questão não é nem caro. A questão é a dificuldade em reunir todos porque cada um “estava com seus compromissos, em suas respectivas orquestras nos países de origem. Então tudo isso fez com que a gente tivesse muito pouco tempo para realizar o que a gente queria, em pausas que eles faziam nas profissões que eles exerciam, todos eles participam em grandes orquestras europeias.

Blog Música Urbana – Você vai de alguma maneira divulgar essa gravação?

Lenine – Eu estou divulgando bastante. Esse disco está à disposição, o DVD inclusive, que eu acho mais importante do que a gravação do CD, é um pacote, você tem as duas opções. E o DVD nessa casa está aí sendo vendido, está sendo vendido e é um filho que eu sou muito orgulhoso.

Blog Música Urbana – Ele está distribuído normalmente?

Lenine – Está sim, é porque não existe mais no Brasil, assim como no mundo, as lojas que você tenha ali materialmente os discos para você manipular.

Esse álbum é uma parceria com o meu selo, que é o Casa Nove em parceria com o Coqueiro Verde. O lugar onde foi gravado o DVD é lindo, porque é no centro de Amsterdan, a casa é toda de vidro, aí você fica vendo a cidade se movimentando ao seu lado, é muito bacana.

Blog Música Urbana – Você já algum projeto já em vista, disco novo? O álbum Carbono é de 2015, você já tem alguma coisa engatilhada?

Lenine – Veja só, você me pergunta por um disco novo, a pergunta é quase anacrônica porque a gente está aqui falando sobre essas mudanças vertiginosas nos veículos físicos de propagação de música. Hoje eu me pergunto, porque eu estou no meio desse processo, porque eu devo fazer um projeto novo até o fim do ano.

Blog Música Urbana – Porque a cabeça do artista não para, né Lenine?

Lenine – Lógico, lógico. E aí você se pega falando o que eu vou fazer? Um disco, não. Não é um disco. Você tem que fazer um espetáculo novo, com músicas inéditas. Até o formato mudou, você entende? Então sim, eu devo fazer, até o final do ano devo estar apresentando um novo projeto.

Blog Música Urbana – A ótima recepção do público ao seu show “Carbono” na cidade, está fazendo com que você volte a Curitiba, com o mesmo espetáculo em um curto período de tempo.

Lenine – Tem essa coisa, eu descobri cedo que existe um certo período de vida útil dos meus projetos. E isso compreende de dois anos e meio à três anos. Que é onde dá para você ir e voltar, como está acontecendo agora em Curitiba. E também assim, como eu descobri essa aptidão através da “hibridagem” que eu faço com a minha música, eu descobri que ela tem um passaporte e isso me permite viajar para fora do Brasil também, fazendo o que eu faço. Então dois anos e meio termina sendo pouco.

Blog Música Urbana – É, nem todo artista tem esse privilégio.

Lenine – Sim, isso são características do meu trabalho que eu passei a investir muito cedo, é uma coisa que eu nunca me distanciei, desse diálogo com o planeta, com pessoas que pensam como eu mas que não tiveram a formação no Brasil, são pessoas de outros nichos.

Blog Música Urbana – Lenine, como é trabalhar com a família? Com os filhos próximos?

Lenine – Ah, é o melhor! Eu não sei de outro jeito não, porque até quando eu falo da minha banda, por exemplo, é uma família por escolha, que também é muito importante. Eu sou adepto dessa alta fidelidade e sempre quero estar com os meus.

Blog Música Urbana – Para finalizar, algumas perguntas rápidas. Qual a música que você mais se orgulha de ter feito?

Lenine – Não existe, não. A mais recente.

Blog Música Urbana – E a música que te faz chorar?

Lenine – Depende, eu sou muito chorão e isso não quer dizer muita coisa. Então qualquer uma pode me fazer chorar.

Blog Música Urbana – Qual é a sua essa interpretação de sua vida entre o artista e o cidadão?

Lenine – Não tem diferença, não. É um só, cara. Eu não sou bipolar, nem tripolar.

Eu tenho uma formação socialista-cristã, digamos assim, e eu tenho essa preocupação com o outro, e sou um cara antenado com as questões sociais e isso está presente em todos esses Lenines que você falou, eu não vejo diferença entre uma coisa e outra. Tenho horror a essa mistificação que de alguma maneira é dada à quem trabalha com arte. Eu sou um ser comum como outro qualquer. Tenho essa relação de busca de perfeição, de beleza em tudo o que eu faço e acho isso também é de todos. Eu não gosto dessa mistificação através da escolha que eu fiz pra viver, eu vivo de música, é só isso, ponto.

Blog Música Urbana – Muito obrigado pelo ótimo papo Lenine!

 

SERVIÇO:

LENINE EM CURITIBA :: TURNÊ CARBONO

QUANDO: 26 de maio (sexta-feira)

LOCAL: Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300)

ABERTURA DA CASA: 20h15

INÍCIO DO SHOW: 21h15

VENDAS ONLINE: http://www.diskingressos.com.br/evento/5573

INGRESSOS: variam de R$ 75,00 (meia-entrada) a R$ 210,00 (inteira), de acordo com o setor.

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