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Ambientação lembra as rodas de capoeira e de samba no início do século passado | Ricardo Sodré/JLM Produções
Ambientação lembra as rodas de capoeira e de samba no início do século passado| Foto: Ricardo Sodré/JLM Produções

Os praticantes de capoeira têm um motivo a mais para ir ao teatro neste fim de semana. É que no sábado (24) e domingo (25) será apresentada a peça "Besouro Cordão-de-Ouro", dentro da programação do 16º Festival de Teatro de Curitiba (FTC). Porém, quem não garantiu o ingresso com antecedência não tem mais chance. Este é um dos espetáculos que teve os ingressos esgotados antes do início do festival, em função da pequena capacidade do espaço, a Casa Vermelha, com 100 lugares.O musical é inspirado na vida do baiano valente que escapava de todas as armadilhas. Na lenda da capoeira, Manuel Henrique Pereira, Waldemar de tal, Besouro Preto, Besouro Mangangá ou Besouro Cordão-de-Ouro, nomes encontrados para denominar o corajoso capoeirista, acabou sendo morto em uma emboscada, atingido por uma faca de ticum, veneno que não deixa a ferida cicatrizar. Só assim o valentão, que escapava de tiros da polícia e batia em todo mundo, foi dominado.

A montagem foi um dos sucessos na temporada do segundo semestre de 2006, no Rio de Janeiro. O texto, as músicas e letras inéditas são de Paulo César Pinheiro, compositor que escreve pela primeira vez para teatro. A direção geral é de João das Neves, com direção musical de Luciana Rabello. O espetáculo conta muitas estórias do Mangangá através de outros mestres capoeiristas como Canjiquinha, Bimba, Barroquinha, Caiçara, Budião, Rosa Palmeirão, Dora das Sete Portas e Pastinha. O elenco é todo formado por atores e músicos negros, e o palco se transforma numa grande roda de capoeira com atabaques, berimbaus, pandeiros e caxixis, para ilustrar a vida de Besouro Cordão-de-Ouro, o Exu Kerekekê dos candomblés baianos.

Nascido em Santo Amaro da Purificação, região do Recôncavo Baiano, Besouro impunha respeito e temor aos poderosos do princípio de século XX na Bahia. Além de capoeirista, também tocava violão e compunha sambas-de-roda e chulas. Existe um samba, chamado "Canto do Besouro", cujos versos de sua autoria "Quando eu morrer/Não quero choro nem vela/ quero uma fita amarela/ gravada com o nome dela" fazem parte do samba conhecido de Noel Rosa, no qual o poeta escreveu a segunda parte. Esse refrão também foi usado pelo próprio Paulo César Pinheiro em "Lapinha" (em parceira com Baden Powell), hoje um clássico da MPB.

Se tudo o que se diz de Besouro Preto é verdade, não dá para afirmar, mas com certeza é uma lendária figura, lembrada com carinho pelos capoeiristas, graças à sua valentia. Quem tiver a oportunidade de assistir ao espetáculo vai conhecer um pouco mais desta figura brasileira, sua trajetória, filosofia, prática e música, que conforme a lenda, com criatividade e resistência reagia às pressões impostas.

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Serviço: Besouro Cordão-de-Ouro. Sábado (24) e domingo (25) às 20h30. Casa Vermelha (Largo da Ordem, s/nº) Tel.: 3321-3300. Ingressos esgotados R$ 26,00.

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