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Banda Fleet Foxes em um dos celebrados vídeos do francês. | Reprodução/
Banda Fleet Foxes em um dos celebrados vídeos do francês.| Foto: Reprodução/

Então você chega por aqui e se pergunta: quem diabos é Vincent Moon? O francês nascido Mathieu Saura, acredite, é um revolucionário do audiovisual. Sua estética – a verve documental, os planos-sequência, a preferência pela fotografia humanizada ao invés de superproduções bombásticas – o fizeram ser um cara requisitado. E bem importante. Por isso, ele realiza em Curitiba um workshop “sobre cinema, música, nomadismo e novas tecnologias” nos dias 23 e 24 de abril. A realização é da Bem-te-Vi produções.

“Pouco a pouco, meu desejo musical foi mudando. Agora, penso em um outro mundo musical, que envolve o sagrado, que tem relação com o coração.”

Vincent Moon, cineasta

É de Moon, por exemplo, a ideia e a execução do La Blogothèque – A Take Away Show, que, com clipes inspirados de boas bandas, tornou-se referência internacional na área e sinônimo de bom gosto. O projeto foi criado há dez anos (continua na ativa sem a participação efetiva do cineasta) e tem no catálogo grupos como Beirut, Arcade Fire, Sigur Rós, Sharon Van Etten, Fleet Foxes, Jack White, Bon Iver, Grizzly Bear, Sufjan Stevens e etc. Camarada e parceiro artístico de Michael Stipe, vocalista do R.E.M., o artista também tem em seu portfólio documentários sobre a banda norte-americana The National (A Skin, a Night) e a escocesa Mogwai (Burning).

Workshop

Vincent Moon

Dia 23, das 18h30 às 22h30. R$200 (depósito em conta); R$225 (pagamento online) e R$250 (no dia).

Moon e Telmon – O Mundo em Outra Perspectiva

Dia 24, das 19h30 às 21h30. R$80 (depósito em conta); R$90 (pagamento online) e R$120 (no dia)

Os eventos ocorrem no NEX Coworking (R. Francisco Rocha, 198. Batel). Mais informações: http://vincentmooncuritiba.tumblr.com/

Mas agora a história é outra. “Na verdade, não tenho grande amor por essas músicas e bandas. Não mais. O que desejo é retratar a música de outra maneira, mais humana. Porque todos esses grupos que participaram do La Blogothèque têm um ego muito grande”, cutuca o francês, em português. Moon mora no Rio de Janeiro há nove meses.

Indie nômade: francês está morando no Brasil há nove meses.Antjie Taiga Jandrig / Divulgação

Nômade moderno, nos últimos seis anos Moon viajou “pelo mundo com sua mochila” – ao lado da esposa Priscilla Telmon, documentarista, fotógrafa e escritora que também irá participar do workshop. Assim, criou o projeto Petites Planètes. São registros audiovisuais de culturas tradicionais, rituais musicais e religiosos em países como Etiópia, Islândia, Turquia e Brasil. Antropólogo informal, Moon – câmera a tiracolo – trabalha com quem encontra pela estrada. A relação com o dinheiro também é particular: ele patrocina seus próprios projetos, sendo remunerado apenas por palestras e workshops. O francês trabalha sob a bandeira do Creative Commons, que permite, sob licença gratuita, cópias e compartilhamentos do que produz.

Cinema democrático

Moon diz que o workshop será de muito improviso. “Pretendo criar um grande laboratório de pensamentos para discutir o que é o cinema atualmente. Qual a relação possível entre as tecnologias e a espiritualidade, por exemplo”, explica o cineasta, para quem a interação com personagens é essencial em cada registro.

Como o documentarista Eduardo Coutinho (1933-2014), Vincent Moon propõe uma visão democrática do cinema, em que entrevistador e entrevistado se descobrem mutuamente. “É o início de uma ação, e não o fim de alguma coisa. A expansão do cinema nos últimos tempos precisa servir para abrir caminhos, e não para fechar”, reflete. Em uma entrevista recente, Moon disse que não entende seus filmes. Só os faz. “É isso mesmo. E aí pessoas contam histórias sobre eles.”

Veja dois vídeos dirigidos por Vicent Moon:

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