• Carregando...
Samba do Trilho faz música onde funcionava uma estação de trens. | Annelize Tozetto/Divulgação
Samba do Trilho faz música onde funcionava uma estação de trens.| Foto: Annelize Tozetto/Divulgação

É noite de segunda-feira em Ponta Grossa. Enquanto do lado de fora muita gente aproveita o veranico para se exercitar, dentro do prédio que no passado foi uma estação ferroviária é o samba que dita o ritmo. A vela foi acesa, o sinal de que a música vai começar. O neto de um sambista comanda a roda, que tem ainda ex-presidente de escola de samba, profissionais liberais, mulheres e jovens.

Assim começou a quinta edição do projeto Samba do Trilho, movimento independente que busca promover a música autoral na cidade e conta com o apoio da Fundação Cultural de Ponta Grossa. Uma vez por mês, músicos locais se reúnem para tocar composições próprias e de sambistas conhecidos, como Sinhô, que fez fama no início do século 20. Em cinco meses, a iniciativa tem atraído cada vez mais simpatizantes, desde jovens que estudam música na academia a veteranos que aprenderam o batuque em casa.

Projeto se inspira em outras iniciativas

O Samba do Trilho em Ponta Grossa é baseado em outras duas iniciativas similares que há anos atraem novos compositores em São Paulo e Curitiba

Leia a matéria completa

A ideia nasceu na casa do jornalista Ben-Hur Demeneck, que recebia os amigos em reuniões nos moldes do Samba da Vela, grupo formado em São Paulo para divulgar composições da comunidade. Pela tradição, o samba começa quando a vela é acesa e só termina quando ela se apaga. “Foi algo que começou de modo informal e resolvemos expandir para ver o que acontecia”, conta Ben-Hur.

Junto com o músico Fabrício Cunha, eles associaram a proposta a uma outra tradição: a dos ferroviários que trabalharam no desenvolvimento da cidade e tinham o samba como atividade de lazer. Daí o nome do projeto e o palco escolhido. “A escolha do local [a Estação Arte, uma antiga estação de trens] foi proposital, pois faz parte do patrimônio ferroviário da cidade”, ressalta Fabrício, cujo avô, Paraílio Cunha, era ferroviário e tocava choro com o grupo Choros Eternos.

Qualquer um pode participar e apresentar suas composições no Samba do Trilho. A única exigência é que o participante leve cópias com a letra da música, para que o público possa cantar junto. Fábio Mazurek já presidiu a escola de samba do bairro Olarias e é um frequentador assíduo das rodas. Na última edição apresentou um samba-enredo que expressa o sentimento dos moradores da região. “Ele mostra um pouco do orgulho que temos do bairro”, explicou.

Expressões locais, referências à cidade e a personalidades ponta-grossenses estão nas letras cantadas durante as apresentações. “Tem sambistas, rappers, gente que nunca compôs e decide experimentar. É isso que queremos, que as pessoas se expressem e resgatem o senso de comunidade”, enfatiza Ben-Hur.

Assista a um vídeo do Samba do Trilho:

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]