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Apresentador, músico e cantor, Paulo Hilário, de latinha na mão, entrevista o rei Roberto Carlos. | Fotos: Acervo do Museu do Som Independente
Apresentador, músico e cantor, Paulo Hilário, de latinha na mão, entrevista o rei Roberto Carlos.| Foto: Fotos: Acervo do Museu do Som Independente

Há cinquenta anos, na tarde de 22 de agosto de 1965, estreava na tevê Record o programa “Jovem Guarda”. Comandado pelos astros Vanderléia, Roberto e Erasmo Carlos, o programa deu visibilidade à uma agitação cultural que pela primeira vez colocou a “cultura jovem” na ordem do dia da sociedade brasileira.

A onda do iê-iê-iê se espalhou rapidamente pelo país e Curitiba e o Paraná não ficaram de fora. Ao contrário. Sem contar o eixo Rio de Janeiro e São Paulo, o Paraná foi um dos raros estados a conseguir destaque na cena musical voltada à “juventude” na década de 1960.

“Cada bairro de Curitiba, cada município do Estado possuía um conjunto que tocava em bailes e festas num momento raro da cultura paranaense, em que se produziu e consumiu música no Paraná”, observam os pesquisadores Joceli e Aimoré Arantes no livro ‘A (des) construção da música da cultura paranaense’’.

  • Arcy Neves, “o príncipe do Paraná”, se apresenta com Os Águias na tevê.
  • O Bitten IV tinha o compositor Lápis (à direita) em sua formação.
  • No Iê-iê-iê curitibano, Os Carcarás eram uma brasa.
  • No programa Clube da Juventude na rádio Tingui, fãs de todas as idades.
  • A cantora Janete era a coqueluche dos fãs de rock curitibanos.

Organizador do livro que conta a história da música paranaense, Manoel de Souza Neto observa que o aparecimento do rock no Paraná aconteceu na década anterior e teve como momento chave o show do cantor americano Neil Sedaka em Curitiba. Porém, sem a rebeldia que marcou o início do gênero nos EUA.

“Por aqui, o rock colou na periferia, as famílias de classe média alta desprezavam o ritmo”, aponta Manoel Neto. “A jovem guarda foi uma espécie de domesticação do rock para o mercado do Brasil que deixava de ser rural para ser urbano. Ainda que se posicionasse contra tudo que era “careta”, a jovem guarda era feita por bons moços, bem-comportados”, diz.

Para ele o mérito da música jovem em Curitiba foi o espaço na mídia que ele conquistou. As principais rádios como PRB2, Guairacá e Marumby tinham programação 100% local e eram bem próximos da comunidade. “Algumas bandas surgiram e já foram direto para o rádio e para tevê”.

Ouça algumas pérolas da jovem guarda curitibana

Dirceu Graeser e Hilda Cristine: idolos da jovem guarda local.

Ídolos

A jovem guarda em Curitiba criou ídolos como Dirceu Graeser. Compositor e cantor pioneiro da música “jovem”, era boa pinta e tinha fã clubes femininos. Apresentador de rádio e tevê, começou com o Favoritos da Juventude na Rádio Clube/PRB2, uma espécie de programa voltado a este nicho de público.

No auge da popularidade o programa foi um desfile de calhambeques pelas ruas centrais de Curitiba que contou com a presença de Roberto Carlos e outros artistas importantes, segundo Paulo Mosimann, autor da biografia “Dirceu Graeser, a paz do pássaro”.

Outro nome fundamental foi Paulo Hilário, apresentador de rádio e tevê, e líder do grupo Metralhas. “No Paraná, eles eram os maiorais. Conquistava corações e incomodava a sociedade conservadora”, aponta Manoel Neto.

Ouça algumas pérolas da jovem guarda curitibana:

Meu Único Amor, compacto de Dirceu Graeser 1968

A Garota do Biquini Vermelho, compacto de Paulo Hilário (1964)

É Por Você, compacto gravado por Hilda Cristine (1964)

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