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Soviéticos fincam a bandeira vermelha em Berlim, no dia 2 de maio de 1945.  Obra relembra os  últimos dias do Terceiro Reich. | Yevgeny Khaldei,/Divulgação
Soviéticos fincam a bandeira vermelha em Berlim, no dia 2 de maio de 1945. Obra relembra os últimos dias do Terceiro Reich.| Foto: Yevgeny Khaldei,/Divulgação

Por que os alemães não desistiram? Por que não pararam de lutar quando se tornou óbvio que os Aliados iriam vencer a Segunda Gue rra Mundial inexoravelmente, mesmo sabendo que as únicas consequências de seguir em frente eram uma imensa perda de vidas e a destruição das cidades do Reich? Esse é o tema de “O fim do Terceiro Reich”, do historiador inglês Ian Kershaw.

Especializado na Segunda Guerra, Kershaw, que é biógrafo de Hitler, decidiu fazer um livro sobre o tema por ter percebido que muito se escreveu sobre as origens do nazismo, sobre a ascensão do nacional-socialismo ao poder e sobre a guerra em si. Mas, diz ele, pouco se sabe ainda sobre a devastação final da Alemanha, quando os Aliados invadiram o país vindo de dois fronts diferentes – ingleses e norte-americanos pelo oeste, depois do Dia D, em 1944; soviéticos empurrando de volta as tropas alemãs que em 1941 tinham iniciado a invasão ao território de Stálin.

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O livro é uma longa recuperação dos fatos e, principalmente, do estado de espírito e dos modos de pensamento das principais personagens envolvidas na história desde julho de 1944, momento em que um atentado contra a vida de Hitler que havia sido planejado por oficiais do exército alemão falhou. Mês a mês, Kersahw recolhe relatórios de serviços de informação, cartas de soldados a suas família e expõe os números do conflito para mostrar o que pensavam os alemães sobre cada fato novo que comprovava a inevitável derrota do nazismo.

Por dentro

Kershaw se concentra em Hitler e nos quatro principais assessores (Goebbels, Göring, Himmler e Speer) para explicar o que pensava a cúpula do regime, especialmente em suas relações com Hitler. Principalmente depois do atentado frustrado, nenhum deles jamais ousaria participar de qualquer plano que envolvesse contestar Hitler ou confrontá-lo sobre a loucura que representava sua decisão de prosseguir com a guerra, mesmo ao custo de milhões de vidas alemãs. Nenhum deles tinha força isoladamente para isso, e as disputas internas nem permitiam que se unissem – sem falar no fato de que Hitler tinha domínio psicológico e militar sobre todos eles.

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Mas o livro também retrata o dia a dia da população, sofrendo inomináveis violações principalmente por parte do Exército Vermelho. Os soviéticos, que tinham sido vítimas de ataques desumanos dos nazistas nos anos anteriores, fizeram na parte oriental da Alemanha não apenas uma invasão militar – fizeram vingança, matando civis, estuprando mulheres e meninas e saqueando cidades. Um dos pensamentos comuns na época, revela Kershaw, era o de torcer para que o front ocidental caísse antes do oriental – assim, os americanos e ingleses, menos violentos, tomariam as cidades.

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