A menos de dois anos do primeiro desligamento do sinal da TV analógica no estado, quase 47% dos paranaenses não sabem que isto vai acontecer e boa parte não está preparada. Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela Gazeta do Povo, revela que 21,8% dos moradores do estado ainda utilizam as antigas TVs de tubo, sendo que quase 70% não possui conversor para receber o sinal digital.
INFOGRÁFICO: Confira quando o sinal de TV analógico será desligado
A pesquisa mostrou ainda que as perspectivas não são boas, pelo menos por enquanto: 67,4% dos paranaenses que usam TV de tubo não têm intenção de comprar um conversor digital, que custa em média R$ 120, e 42% não pretendem trocar de televisor para um modelo que aceite o sinal digital.
O trabalho de conscientização da população sobre o fim definitivo do sinal analógico é, justamente, o maior desafio do governo, das emissoras de televisão e da entidade criada pelas operadoras de telefonia para a mudança. As telefônicas participam do processo porque assim que for desligada, a faixa de 700 MHz (hoje ocupada pelo sinal de TV analógica) será utilizada para o sinal do 4G dos celulares.
Faltam dados oficiais
Não existem estudos que especifiquem exatamente qual a penetração do sinal digital nos lares brasileiros. O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, já chegou a falar na cifra de 30 milhões de pessoas que ainda precisam ter acesso à TV digital, mas o próprio órgão reconhece que a estimativa não é confiável. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) estipula que 55% dos domicílios já tenham condições de receber o sinal. No Paraná, dos 399 municípios apenas 40 têm acesso completo ao sinal digital.
O engenheiro da RPCTV Ivan Miranda, integrante do Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV (Gired), criado para acompanhar o processo de transição dos sinais, afirma que campanhas de conscientização sobre o fim do sinal analógico já estão acontecendo em Brasília, São Paulo e Rio Verde, no interior de Goiás, cidade-piloto e primeira que terá o sinal analógico substituído pelo digital, em novembro deste ano.
“O resultado ainda está sendo tímido. Não está vindo na proporção que deveria. Tem muita coisa que ainda precisa ser aprimorada. De qualquer forma, todas as cidades receberão a campanha que começa normalmente um ano antes do prazo de desligamento do sinal”, diz Miranda. Pelo cronograma, Curitiba e 12 cidades da região metropolitana serão as primeiras do estado a terem o sinal analógico desligado, a partir de 25 de junho de 2017. Nas demais cidades do Paraná, o desligamento ocorrerá a partir de 25 de novembro de 2018.
Uma portaria publicada ano passado pelo ministério das Comunicações especifica que o sinal analógico só poderá ser desligado se pelo menos 93% dos domicílios da cidade em questão tiverem acesso comprovado ao sinal digital – seja usando aparelhos de TV que já vêm com a tecnologia (em geral, os de tela plana) ou um conversor para as TVs de tubo.
A confirmação do porcentual se dará por meio de pesquisa, feita próxima à data de desligamento, a ser conduzida pela EAD, entidade das operadoras de telefonia vencedoras do último leilão do 4G.
Sintonizando o digital
Muitas pessoas acreditam que ao comprar um televisor de tela plana (LCD, LED ou plasma), automaticamente têm acesso ao sinal digital, mas não é bem assim. Na prática, primeiro a cidade precisa oferecer o sinal. Depois, o telespectador precisa ligar a TV a uma antena, acionar a programação de canais para o aparelho sintonizar e memorizar os canais digitais.
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